No final de 2019 fiz uma retrospectiva do ano que passou. Pretendia fazer o mesmo em 2020, mas até agora, meio ano concluído, já aconteceu tanta coisa na nossa família, que resolvi fazer um post somente sobre o primeiro semestre de 2020. Então aí vai um resumo, mês a mês, do que já passamos até aqui:
janeiro: Em meados de dezembro de 2019 minhas enteadas vieram para nossa casa. A mais velha já veio com a intenção de ficar (trouxe até a cachorrinha dela), e a mais nova somente para passar férias, com expectativa de retornar para a casa da mãe no final de janeiro. No meio de janeiro fomos informados que meu marido conseguiu a guarda provisória dela, em caráter de urgência, e então informou à mãe que ela não mais retornaria, uma vez que as aulas no colégio que pretendíamos colocá-la se iniciariam já no final desse mesmo mês. Retornamos para nossa cidade no final de janeiro (passamos o mês em férias na praia) e iniciamos nossa "nova vida em família de 5". Trocamos de quarto com as meninas - elas passaram para a suíte, maior quarto da casa, e nós fomos pro quarto intermediário - para que elas tivessem mais espaço, e encomendamos móveis para elas (uma beliche, armários, escrivaninhas). Meu marido matriculou a mais velha em um cursinho pré-vestibular e iniciou uma pequena novela pra conseguir matricular a mais nova no colégio escolhido (a escola não queria aceitar a "guarda provisória" na efetivação da matrícula, exigindo uma autorização da mãe para matriculá-la; a mãe, por sua vez, se recusou a assinar tal autorização, uma vez que não aceitava - ainda não aceita - ter perdido a guarda da filha; e a minha enteada não queria ir pra outra escola senão essa escolhida).
fevereiro: Finalmente, depois de acionar a justiça, meu marido conseguiu efetivar a matrícula da filha mais nova no colégio escolhido. Infelizmente isso aconteceu somente após 2 semanas de aulas, e a menina acabou perdendo parte do conteúdo inicial, mas de toda forma ela amou o novo colégio e começou a fazer amizades (isso foi um grande marco, pois ela é extremamente tímida e já nos contou várias vezes que não tinha amigos na escola anterior, inclusive já tendo sido vítima de bullying). A enteada mais velha também iniciou suas aulas no cursinho. Já que trabalhamos o dia inteiro e as aulas da enteada mais nova são de tarde 4 vezes na semana (1 dia por semana é integral), contratamos uma moça para trabalhar de manhã lá em casa, basicamente para fazer almoço para as duas meninas (eu e marido almoçamos no trabalho e Nícolas almoça na creche), deixar o jantar de todos preparado e fazer companhia para a mais nova até a hora dela ir pra aula. Também nesse mês, o recurso que a mãe das meninas deu entrada para derrubar a guarda provisória em caráter emergencial (com várias alegações falsas contra meu marido) foi rejeitado pela justiça, e passamos a esperar o julgamento da guarda definitiva, planejado inicialmente para março. Ainda em fevereiro, a enteada mais velha resolveu voltar a morar com a avó, em sua cidade de origem. Essa decisão foi porque seu namorado desistiu de se mudar para nossa cidade, então ela resolveu voltar pra ficar perto dele (embora ela não tenha admitido pra nós que foi esse o motivo). Ficamos extremamente chateados, uma vez que em momento algum ela tinha nos contado que a decisão de vir morar conosco estava condicionada à vinda do seu namorado, além de termos plena convicção que conosco ela teria condições de fazer vestibular e cursar sua faculdade de maneira muito mais tranquila que no ambiente conturbado que existe na família materna, mas não vou me adentrar muito nesse assunto. Então no carnaval, ambas viajaram para sua cidade de origem, a mais velha para não mais voltar, e a mais nova somente para visitar a família materna. Aproveitamos o carnaval para desfazer a mudança dos quartos (o que também me deixou bem chateada, já que eu planejava - e precisava - aproveitar o feriado para descansar), pois já não faria mais sentido deixar o maior quarto da casa somente para uma menina. Logo após o carnaval, a avó materna delas veio até a nossa cidade trazer a enteada mais nova e buscar a cachorrinha da mais velha, o que para nós foi um grande alívio, já que realmente estávamos com uma "superpopulação canina" lá em casa.
março: Comecei a trabalhar em um quartel novo, e apesar de inicialmente não querer essa mudança, fiquei satisfeita, uma vez que profissionalmente o novo trabalho será muito melhor para mim. Estávamos entrando em uma boa rotina de escola/trabalho/família lá em casa, quando fomos surpreendidos (assim como todos) com a notícia que a pandemia do Covid-19 chegou ao Brasil, seguida da suspensão do funcionamento das escolas e creches. Como a moça que trabalha na nossa casa também tem uma filha em idade escolar e estava grávida, desde o princípio da quarentena a liberamos de continuar vindo (mas continuamos a pagar seu salário, naturalmente). A partir daí, nossa rotina ficou totalmente bagunçada. As duas primeiras semanas da "quarentena" eu fiquei em casa em regime de homeoffice enquanto meu marido ia ao trabalho. Depois de duas semanas não aguentei mais, e começamos a nos revezar (cada dia um ia ao trabalho enquanto o outro ficava em casa). Minha enteada começou a ter matérias on-line, em forma de listas de exercícios passadas pelos professores. Para minha grata surpresa, ela se mostrou extremamente responsável , e organizava por conta própria seus horários a fim de fazer todas as atividades passadas pela escola e ter tempo de descanso e lazer (infelizmente quase todo no computador ou celular, já que estávamos presos em casa). A creche do Nícolas também começou a fazer "aulas" on-line duas vezes por dia, com duração de 20min cada e atividades lúdicas (obviamente), o que eu achei ótimo, para que ele não perdesse o contato com os amiguinhos e cuidadoras, e também nos ajudasse a estabelecer um certo tipo de "rotina" com ele - no meio do caos que nossos dias se tornaram, pelo menos ainda havia algo programado e com horário fixo. Também em março fomos informados que, devido à pandemia, o julgamento da guarda da enteada seria adiado indefinidamente, o que nos causou certo desconforto, pois queríamos que esse assunto não se estendesse ainda mais.
abril: Não houve grandes alterações em relação a março, mas começamos a nos adaptar um pouco mais ao caos às alterações na rotina que a quarentena nos impôs.
maio: Continuamos nos ajustando à rotina da quarentena, cada vez mais. Em meados de maio houve um incidente envolvendo a Matilda, o Nícolas e a Mafalda, que nos fez tomarmos a decisão de mandar a Matilda embora da nossa casa, temendo pela segurança do Nícolas. Levamos ela pra casa de um amigo, para um "teste".
junho: Com a reabertura do comércio, fiquei com medo de me expor no ambiente do trabalho, e voltei pro regime de homeoffice, enquanto meu marido voltou a ir para o trabalho todos os dias (o trabalho dele é muito mais "seguro" em relação à pandemia que o meu) com a diferença que passei a ir para o quartel aos fins de semana (já que em casa não consigo trabalhar), quando não tem ninguém. Apesar de ser bastante cansativo para eu e marido (pois agora nunca estamos juntos para cuidar do Nícolas), foi uma decisão muito acertada, já que pouco tempo depois começaram a surgir casos de pessoas infectadas no meu trabalho. Também em junho, minha enteada começou a ter aulas on-line ao vivo todas as tardes, no que seria o horário da escola (antes ela só tinha listas de exercícios), e a creche do Nícolas começou a fazer marmitas congeladas para as crianças e oferecer o grande gramado para as famílias usufruírem, uma família por vez, em horários pré-agendados. Essas novidades da creche foram ótimas pra gente; as marmitas nos tirou uma preocupação diária de ter que fazer comida pro Nícolas, e temos agendado horários praticamente todas as semanas, o que tem sido realmente um momento de alívio do estresse que é ficar trancafiados em um apartamento 24/7 (principalmente as crianças, que não saem pra nada). Também nesse mês, minha enteada teve sua primeira "crise" em relação a querer voltar pra casa da mãe... Entendemos que o motivo que a fez querer vir pra nossa casa não foi para ficar perto de nós (nunca tivemos tanto contato assim - nem mesmo o pai, já que ele e a mãe dela se separaram quando ela era um bebê), e sim para fugir de problemas que ela enfrentava com a família materna (não vou falar detalhes sobre esse assunto aqui, pois é algo pessoal dela, mas eram problemas relativamente graves). Entendemos também que por estar por ora afastada desses problemas, ela tende a minimizá-los e até mesmo acreditar que acabaram, o que a faz naturalmente querer retornar para o convívio com as pessoas que ela sempre viveu e criou relações mais fortes. Também, certamente a quarentena está afetando a ela (e a todos nós), não tornando possível que ela estabeleça relações de amizade sólidas com as novas amiguinhas, ou se firme e aprecie sua nova vida, no novo colégio e atividades extra-curriculares que pretendíamos colocá-la, além de atividades de recreação que pretendíamos fazer juntos (andar de bicicleta, passeios no parque e clube) ou ela com as amigas (passeio em shopping, cinema com amigas, etc). Conversamos abertamente com ela sobre tudo isso, mostrando que se for realmente melhor pra ela voltar, iremos apoiá-la nisso também, mas que ainda acreditamos que o melhor pra ela seja ficar aqui, conosco. Sobre a Matilda, o mês iniciou com ela voltando para nossa casa (não foi aprovada no "teste" na casa do nosso amigo, pois atacou a cachorra dele), e terminou com ela indo para a casa da minha tia Otília para um novo teste.
Até agora tivemos um ano bastante desafiador, quer seja pela questão da pandemia que estamos passando, que alterou a forma como o mundo funciona e por consequência nossa rotina particular, quer seja pela questão da vinda da nossa enteada para residir conosco.
Sobre a questão da guarda da enteada, por ter sido acionada a justiça, não cabe ao pai, à mãe ou a ela própria a decisão final de com quem ela irá residir daqui pra frente. Tudo o que pode ser feito agora é aguardar o desenrolar dos fatos. Após a primeira crise devido à vontade de retornar pra casa da mãe, o que pudemos fazer foi orientá-la a ser muito franca na entrevista que farão com ela quando o processo for retomado, contando todos os motivos que a fizeram querer vir e todos os motivos que estão fazendo com que ela queira voltar, sem medo de magoar a nós ou à mãe, para que a decisão judicial seja a melhor possível. Nosso único interesse é que ela fique no ambiente que for melhor para seu desenvolvimento, e se esse lugar for a casa materna, ficaremos felizes com seu retorno para junto de sua mãe.
Sobre a questão da pandemia, espero que passe o mais breve possível, pelo nosso bem e de todo o mundo. Mas espero também que os governos saibam conduzir os países de forma segura, sem precipitar decisões e sabendo priorizar vidas à economia. Na nossa casa estamos fazendo a nossa parte, nos mantendo isolados o máximo possível, usando máscaras e tendo muito cuidado quando é inevitável sairmos à rua. Também estamos dando condições para que as pessoas que dependem financeiramente de nós (empregada doméstica, faxineira, funcionários da creche) também possam cumprir a quarentena, mantendo os pagamentos em dia. Infelizmente muita gente não está fazendo o mesmo, e espero mesmo que essas pessoas possam parar e refletir o quanto sua atitude está sendo egoísta e só está alongando ainda mais essa pandemia, fazendo o vírus circular.
Para as duas grandes questões que ocupam nossa família atualmente, desejo que nos seis próximos meses tudo possa se resolver. Que o melhor aconteça, e que possamos todos levar ensinamentos valiosos desse período tão conturbado que estamos passando, nos fazendo crescer enquanto indivíduos, família e humanidade.
Até agora tivemos um ano bastante desafiador, quer seja pela questão da pandemia que estamos passando, que alterou a forma como o mundo funciona e por consequência nossa rotina particular, quer seja pela questão da vinda da nossa enteada para residir conosco.
Sobre a questão da guarda da enteada, por ter sido acionada a justiça, não cabe ao pai, à mãe ou a ela própria a decisão final de com quem ela irá residir daqui pra frente. Tudo o que pode ser feito agora é aguardar o desenrolar dos fatos. Após a primeira crise devido à vontade de retornar pra casa da mãe, o que pudemos fazer foi orientá-la a ser muito franca na entrevista que farão com ela quando o processo for retomado, contando todos os motivos que a fizeram querer vir e todos os motivos que estão fazendo com que ela queira voltar, sem medo de magoar a nós ou à mãe, para que a decisão judicial seja a melhor possível. Nosso único interesse é que ela fique no ambiente que for melhor para seu desenvolvimento, e se esse lugar for a casa materna, ficaremos felizes com seu retorno para junto de sua mãe.
Sobre a questão da pandemia, espero que passe o mais breve possível, pelo nosso bem e de todo o mundo. Mas espero também que os governos saibam conduzir os países de forma segura, sem precipitar decisões e sabendo priorizar vidas à economia. Na nossa casa estamos fazendo a nossa parte, nos mantendo isolados o máximo possível, usando máscaras e tendo muito cuidado quando é inevitável sairmos à rua. Também estamos dando condições para que as pessoas que dependem financeiramente de nós (empregada doméstica, faxineira, funcionários da creche) também possam cumprir a quarentena, mantendo os pagamentos em dia. Infelizmente muita gente não está fazendo o mesmo, e espero mesmo que essas pessoas possam parar e refletir o quanto sua atitude está sendo egoísta e só está alongando ainda mais essa pandemia, fazendo o vírus circular.
Para as duas grandes questões que ocupam nossa família atualmente, desejo que nos seis próximos meses tudo possa se resolver. Que o melhor aconteça, e que possamos todos levar ensinamentos valiosos desse período tão conturbado que estamos passando, nos fazendo crescer enquanto indivíduos, família e humanidade.
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