quinta-feira, 7 de maio de 2020

Homeoffice: mudança de rotina e de perspectiva



Como acredito que esteja sendo para todos que têm filhos pequenos dentro de casa, esse período de quarentena tem sido bastante desafiador. Nas duas primeiras semanas, eu fiquei em regime de homeoffice, enquanto meu marido estava indo para o trabalho em horário integral. Esse período foi extremamente cansativo pra mim, pois além de passar o dia inteiro sozinha tomando conta do Nícolas (o que, por si só, demanda uma energia enorme), de noite, quando ele finalmente ia dormir, ao invés de eu também ir descansar para recuperar minhas forças para o próximo dia, era quando eu finalmente ia trabalhar, e adentrava a madrugada tentando recuperar as horas que eu não pude trabalhar durante o dia...
Foram dias bastante extenuantes pra mim, e depois de 2 semanas nesse ritmo, eu realmente não aguentava mais. Não costumo ser dramática nem exagerada, mas eu realmente acho que cheguei perto do meu limite... Aí conversei seriamente com meu marido, e disse que não poderia mais continuar esperando que seus chefes definissem uma nova rotina (até então, havia uma “promessa” de que todos começariam trabalhar somente meio expediente, como eu comentei aqui); ele precisava explicar a situação pro seu chefe já, ou então eu simplesmente não daria conta... E aí, depois de eu conversar com o meu chefe e ele com o dele, saí do regime de homeoffice, e começamos, ambos, a trabalhar em dias alternados. Estamos dessa maneira até hoje; cada dia um vai trabalhar e o outro fica em casa com as crianças. E é impressionante como o dia que fico em casa cuidando do Nícolas é extremamente mais cansativo do que o dia em que vou trabalhar.

É fácil, então, perceber que durante as duas primeiras semanas eu não estava gostando nenhum pouco dessa experiência de homeoffice, e não via a hora das coisas se regularizarem para poder voltar à minha rotina anterior. E mesmo depois de estabelecermos os dias de trabalho alternados, continuei insistindo nessa visão, talvez por inércia...

Até que, finalmente, minha ficha caiu. Essa situação que estamos vivendo, de podermos nos revezar para cuidar do nosso filho em casa, sem precisarmos recorrer a creche, é exatamente a situação que eu sempre considerei ideal, como falei em um post antigo...
Aí lembrei das tantas vezes que lamentei - pela rotina, pelo sistema, pela vida que nos é imposta – por ter que deixar meu bebê por tantas horas diárias em uma creche, ao invés de poder estar ao seu lado acompanhando seu crescimento no dia a dia... E de repente me vejo nessa situação de poder estar, eu e o pai, nos alternando para cuidar dele, sem delegar nada a terceiros, e ainda assim estou reclamando?

E desde esse momento, mudei a minha forma de encarar a situação. A energia que o Nícolas demanda ainda é a mesma; o cansaço que sinto ainda é o mesmo; mas agora, ao invés de achar ruim ter que ficar em casa com ele, estou vendo tudo isso como uma oportunidade ímpar de poder acompanhar tão de perto a primeira infância do meu bebê, e encarando cada gota de suor como um investimento na nossa relação. E estou tentando aproveitar bem esses dias, horas e minutos preciosos em que estamos podendo conviver... Talvez depois que tudo isso passar, eu nunca mais tenha oportunidade de ficar tanto tempo junto do meu menininho.

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