terça-feira, 19 de maio de 2020

Adeus, Matilda...


Eu já falei sobre nossas cachorrinhas, Mafalda e Matilda. Mafalda é mãe da Matilda, e apesar de serem bem parecidas fisicamente, são bem diferentes quanto à personalidade. Inicialmente, eu imaginei que a Matilda seria a que se apaixonaria pelo Nícolas, e seria sua melhor amiga, como vemos nesse vídeos fofos de crianças e bebês interagindo. Imaginei que a Mafalda que  iria me causar preocupações. Isso porque a Matilda sempre foi mais dócil, ama carinho, ama estar no colo e brincar, enquanto a Mafalda é mais rabugenta, prefere ficar quietinha no canto dela, sem tanto contato físico. Mas o que aconteceu foi justamente o contrário; Matilda teve ciúmes do Nícolas desde o primeiro dia, e a Mafalda é que se encantou por ele...

Mas, pra gente, o ciúme da Matilda nunca foi um problema sério, até porque sabíamos que quando o Nícolas crescesse, certamente eles ficariam muito amigos. A grande questão, que me causava grande preocupação era a imprevisibilidade dela. Apesar de ser mais rabugenta, Mafalda deixa sempre claro quando não está gostando de algo, e aí podemos respeitar seu espaço. E ela tem se mostrado extremamente tolerante com o Nícolas, como ela não é com mais ninguém. Algumas poucas vezes em que ele realmente ultrapassou seu limite, ela mostrou os dentes e latiu, e ele logo saiu correndo de perto dela (chorando muito, super magoado). Já a Matilda não demonstra tão claramente quando algo a incomoda; ela se encolhe e fica com os músculos contraídos. Muitas vezes isso passa desapercebido para as pessoas (às vezes nem eu mesma, que sou quem mais a entende, consigo notar que ela está nessa situação), e aí quando o limite dela é ultrapassado, ela fica extremamente agressiva, ataca e não pára, até que alguém interfira.
Até hoje ela nunca atacou nenhuma pessoa; sempre o ataque dela foi direcionado a outros cachorros (para a Mafalda, para a Pitaia, cachorra da minha irmã ou outros cachorros que ela encontra na rua). Mas eu sempre tive medo de, num momento de fúria, ela acabar atacando o Nícolas...

Pois bem, domingo vivemos uma situação um pouco assustadora por aqui. Nícolas estava na varanda, próximo aos potes de ração das cachorras. Matilda foi até a varanda, mas se sentiu intimidada pelo Nícolas, e não chegou perto da comida. Ela foi se encolhendo, e eu percebi que estava ficando irritada com a presença dele ali. Eu então fui até a varanda para tirá-lo, para evitar algum incidente, e também para que ela pudesse comer sossegada. No momento que eu fui para a varanda, a Mafalda me seguiu, andando tranquila, sem demonstrar nenhum estresse. Assim que avistou a Mafalda, a Matilda a atacou, sem nenhum motivo aparente, e não parou até que meu marido as separasse com um cabo de vassoura. A Mafalda ficou bastante machucada, e sangrou muito.
Isso já havia acontecido antes entre as duas (Matilda atacar a Mafalda sem nenhum motivo aparente), mas o que me preocupou, dessa vez, foi porque eu notei que a Mafalda foi usada como saco de pancadas para aliviar a tensão que a Matilda estava sentindo em relação ao Nícolas. E fiquei com muito medo; será que, se eu não tivesse ido até a varanda para tirar o Nícolas, a Matilda não teria atacado ele, em vez de atacar a Mafalda?
Então decidi que, infelizmente, eu não poderia mais ficar esperando que algo acontecesse ao Nícolas para tomar uma atitude: mandar a Matilda embora. Nem sempre eu vou poder estar por perto para evitar que algum desentendimento entre a Matilda e o Nícolas aconteça. E nem sempre, mesmo estando por perto, eu consigo notar o descontentamento dela.

Mas eu não deixaria a minha bichinha desamparada nunca. Só a mandaria pra uma família que eu tivesse certeza absoluta que ela seria bem tratada. Então perguntamos a um amigo de infância do meu marido, que por coincidência está morando na mesma cidade que nós, se ele aceitaria ficar com ela. Ele e sua família são apaixonados por animais, e sempre tiveram muitos em casa. Agora, por coincidência, os 5 cachorros que eles tinham há alguns anos, faleceram devido à idade, e eles estão sem nenhum. Ele aceitou ficar com a Matilda, então ontem mesmo eu já a levei para lá. Foi triste; ela notou que estava sendo mandada embora, e ficou desesperada para não ir... Me deu um aperto no coração muito grande, mas como mãe, preciso colocar a segurança do meu bebê em primeiro lugar.
Agora estamos todos tristes aqui em casa, principalmente a Mafalda, que está sentindo muita falta da sua companheirinha... As duas nunca ficaram separadas, desde o dia que a Matilda nasceu (há 4 anos e meio). O ambiente não é o mesmo sem a Matildinha correndo maluquinha de um lado para o outro, sempre alegre, sempre doida, entrando no meio quando a gente tenta fazer carinho na Mafalda...
Mas o lado bom de termos levado ela para a casa desse amigo, é que, caso ela não se adapte com o novo lar, ou a Mafalda a ficar longe dela, podemos trazê-la de volta.
Na realidade, ontem mesmo já mandei uma mensagem pro meu marido dizendo que mudei de idéia, e que quero pedir pro nosso amigo ficar com a Matilda durante a quarentena, e depois nos devolver, já que após a quarentena o Nícolas não vai mais passar tanto tempo dentro de casa, e as chances de rolar algum incidente vão diminuir bastante. Mas pra não ficarmos fazendo combinados e voltando atrás, vamos deixar as coisas como estão e esperar uma semana para tomarmos alguma nova decisão e comunicá-lo, se for o caso. Até lá vamos ter uma idéia melhor de como ambas vão se adaptar estando separadas.

No mais, eu realmente acredito que, se conseguir se adaptar à nova família, a maior beneficiada dessa mudança vai ser a própria Matilda. Como eu já disse, esses nossos amigos são completamente apaixonados por animais, e estão sem nenhum cachorro atualmente. Ela vai virar a princesinha da família. Os filhos deles não são mais crianças (já ficou muito claro pra mim que a Matilda não se sente à vontade com crianças), então não vão aborrecê-la como o Nícolas faz. E certamente eles vão ter muito mais tempo disponível para brincar com ela, fazer carinho e dar atenção. Infelizmente, desde que o Nícolas nasceu, nosso tempo está muito escasso, e sei que ela se sente triste por não receber mais carinho como antes.
Espero que o que for melhor para todos nós aconteça, e que se no final das contas ela realmente for ficar na nova casa indefinidamente, que ela seja muito feliz com sua nova família.

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