A primeira mamadeira

Eu já comentei sobre o perigoso que o uso da mamadeira pode trazer à amamentação, podendo ocasionar confusão de bicos e a um desmame precoce. Por esse motivo, decidimos que nao daríamos mamadeira (e nenhum outro tipo de bico artificial) para o Nícolas, e por isso mesmo esse item era um dos principais na minha lista do que não comprar para o enxoval. E assim fizemos. No início tivemos um pouco de dificuldade na amamentação, como eu contei aqui, mas depois que eu e o Nícolas aprendemos como fazer da forma correta, a amamentação fluiu (e ainda flui) perfeitamente. Então nos seus quase 20 primeiros meses de vida, Nícolas nunca tomou nenhum tipo de mamadeira.

Mas, como tudo são etapas, eu e meu marido decidimos que agora era chegada a hora de comprarmos uma mamadeira pra ele.  Isso não vai de encontro ao meu pensamento e tudo que expressei anteriormente, de maneira alguma. Minha questão com a mamadeira sempre foi enquanto o Nícolas fosse pequenininho, e houvesse o risco de desmame precoce. Esse risco já não existe, porque a amamentação já está completamente consolidada por aqui, então dificilmente ocorrerá a temida confusão de bicos, e também porque, caso o Nícolas acabasse por desmamar devido à inclusão da mamadeira, eu já não consideraria precoce. Ele ainda não completou os 24 meses (está atualmente com 20), mas, embora eu não esteja desejando que ele desmame exatamente agora, já estou pensando nisso, e inclusive estamos nos preparando para esse dia. Portanto, se ele desmamasse agora, não seria algo terrível.

A decisão da compra da mamadeira se deu por alguns motivos:
* Nessa época de quarentena, estamos nos alternando, eu e meu marido, para ficarmos com ele em casa. Nos dias que eu estou em casa, consigo faze-lo dormir de tarde mamando. Mas nos dias que o pai está em casa, é bem difícil que ele se renda à sonequinha da tarde, o que deixa ambos muito cansados e o Nícolas extremamente irritado. Pensamos que talvez com a mamadeira, ele se deite e durma mamando, tal qual faz no seio;
* Desde o dia que o Nícolas nasceu, houve somente uma ou duas noites que eu consegui dormir a noite toda, sem que ele tenha despertado para mamar. Embora ele durma na nossa cama e eu o amamente deitada, ainda assim estou extremamente cansada e com sono atrasado. Imaginamos que tomando um mingau de aveia mais grossinho logo antes de dormir (ou até mesmo depois de já ter dormido) ele comece a passar a noite sem acordar para o mamar noturno;
* Complementando o item anterior, estamos começando a pensar em tirá-lo de nossa cama e passá-lo para o seu quartinho. Caso ele durma a noite inteira, isso acontecerá de uma maneira muito mais fácil;
* Ainda, considero a mamadeira algo bem prático e saudável para o café da manhã. É mais saudável começar o dia com um mingau de aveia batido com frutas, ou uma vitamina, do que comer somente pão. E muito mais prático também, para nós; quando a pandemia acabar, podemos criar a rotina de levar o Nícolas mamando no carro a caminho da creche, o que nos pouparia bastante tempo de manhã, ao invés de termos que acordá-lo mais cedo para comer.
* E, por fim, eu gosto de mamadeira. Tomei mamadeira até meus seis anos de idade e tenho lembranças muito boas disso. Lembro até hoje (e sinto saudades) do gosto do mingau de aveia morninho misturado ao gosto delicioso do bico da minha mamadeira. Era ótimo aos sábados e domingos poder tomar meu mingau sem pressa deitada na minha cama, ou assistindo televisão no sofá ou na cama dos meus pais. Já que pra mim a mamadeira era tão boa e me traz boas recordações  até hoje, não vejo motivos para privar o Nícolas disso.

Então, uma vez decidido que compraríamos uma mamadeira para o Nícolas, no dia 01 de maio fui até uma farmácia e comprei uma. Fiquei bastante ansiosa para testá-la, qual criança quando ganha um brinquedo novo. No dia seguinte, acordei mais cedo, fui pra cozinha e fiz um delicioso mingau de aveia com banana bem madurinha. Ficou delicioso, na consistência e na temperatura ideais. Coloquei na mamadeira, dei pro Nícolas e... ele odiou!!! Ele tentou mamar, e não conseguiu de forma alguma. Comprovei que, realmente, o ato de mamar no seio e de mamar na mamadeira são completamente distintos, e por isso mesmo ocorre a terrível confusão de bicos (o bebê realmente se confunde com as duas formas diferentes de mamar, e se frustra por isso). O Nícolas, PHD em mamar no seio, não conseguiu mamar na mamadeira. Ele tentou ainda mordei, puxar, e por fim desistiu...

Mas como não me dou por vencida, ainda estou insistindo. Ontem (meu dia de ficar em casa com ele) fiz uma vitamina, e ele já conseguiu mamar um pouquinho melhor, apesar de ainda não com a desenvoltura que tem ao seio. Mas com paciência e calma, certamente ele vai aprender.

Essa experiência me fez refletir sobre mais um ponto. Como já falei antes, não existe necessidade de montarmos um enxoval enorme, cheio de coisas que "talvez" a criança precise. Basta comprarmos o essencial praquela primeira fase, e à medida que as necessidades forem surgindo, vamos adquirindo o que mais necessitarmos. Os itens não vão simplesmente desaparecer das prateleiras de repente. Se eu tivesse caído na conversa dos vendedores, teria comprado diversas mamadeiras, de diversos tamanhos e bicos diferentes (consideradas itens obrigatórios para o enxoval). Grande parte dos bicos (os com abertura menor, para bebês pequenos) eu teria perdido sem nunca usar, e mesmo a que agora me seria útil, teria ficado ocupando espaço por 20 meses na minha casa antes de se tornar necessária.