quinta-feira, 6 de dezembro de 2018
Amamentar não é fácil MESMO
Durante a gravidez eu ouvi várias vezes pessoas falando que amamentar não é algo fácil. Acredito que por nunca ter visto nenhuma mulher da minha família dizer que teve dificuldades com a amamentação e sempre me parecer tão natural pra todas elas, imaginei que eu também acharia uma tarefa muito tranquila, e faria sem nenhuma dificuldade. Por isso mesmo, confesso que fui negligente com a preparação. Cheguei a passar esponja vegetal nos mamilos durante o banho, mas vários dias ficava com preguiça e acabava não fazendo. Também, não tomei os banhos de sol como me aconselharam, e tinha uma ideia vaga do que seria a "pega correta"do bebê, mas não me informei tanto quanto deveria sobre o tema.
Pois bem, o início da amamentação foi tenso pra mim. Assim que nasceu, colocaram o Nícolas no meu seio. Ele começou a sugar, e pareceu satisfeito. Senti um pouco de dor, mas nada insuportável. Mas a cada nova mamada, o incômodo ia aumentando, o que culminou no dia que voltamos pra casa, quando meus mamilos já estavam bem machucados, e a dor era quase insuportável. Só continuei amamentando porque sei da importância pro bebê, porque era uma grande vontade minha amamentar meu filho, e principalmente porque eu tinha que fazer algo pra matar a fome daquele serzinho (e fazê-lo parar de chorar). Mas cheguei a pensar, de madrugada: "amanhã vou comprar uma mamadeira e leite artificial, porque não suporto mais essa dor a cada 2 horas".
Pedi ajuda para a equipe de parto que me acompanhou (após o parto ainda tive duas consultas em casa, pra acompanhar o desenvolvimento do Nícolas e nosso entrosamento), e uma das enfermeiras veio aqui em casa e me auxiliou em algumas coisas. Ela me mostrou uma nova posição para amamentar, o que aliviou um pouco as dores, e reforçou o que a obstetra havia me recomendado na maternidade: banho de sol, passar o próprio leite (que é cicatrizante) nas feridas do seio, e duas pomadinhas pra ajudar na cicatrização. Mas apesar de ajudar, ainda estava doendo bastante, e com mamadas a cada 2 horas, não havia tempo suficiente para cicatrizar, e as feridas aumentavam cada vez mais.
Então resolvi fazer o que não deveria ser feito de maneira alguma (mas na época eu não sabia): deixar um seio descansar. Primeiro comecei a amamentar duas vezes no seio esquerdo (que estava menos ferido) e somente uma vez no direito. Em alguns dias, o seio direito estava sem nenhum machucado, e o esquerdo estava com uma rachadura bem acentuada. Então fui fazer o rodízio, mas para "acelerar" o processo de "cura" do seio esquerdo, fiquei 2 dias amamentando meu bebê só no seio direito e... veio a mastite!! (depois que já estava instalada, me explicaram: seio rachado mais leite parado, é a receita ideal para entrada e proliferação de bactérias, responsáveis pela mastite).
O primeiro sinal foi uma febre forte durante a noite. Mas eu também não sabia que isso era sinal de mastite... achei que estava ficando gripada, ou algo do tipo. Acordei com uma sensação diferente no seio, mas não estava sentindo dor propriamente dita, então nem pensei que estaria com algum problema. Por sorte, no dia seguinte foi a minha segunda consulta com a enfermeira da minha equipe de parto. E foi ela que percebeu e me alertou que eu estava em um processo de início de mastite. Meio seio já estava bem vermelho, mas com a correria nos cuidados com o bebê, eu nem havia notado (literalmente, não tinha tempo nem de me olhar no espelho). Eu estava tão cansada, que ainda quis dar uma enrolada no tratamento, mas ela me alertou que mastite é um quadro sério, e com uma evolução muito rápida. Somente por causa da preocupação que ela demonstrou, é que fui na minha obstetra naquele mesmo dia, para pegar receita de antibiótico, que tomei por 10 dias. Ela também me encaminhou para o banco de leite, onde fui atendida por uma outra enfermeira especializada em amamentação, que me deu dicas maravilhosas. Somente ela percebeu que meu filho estava com a pega errada. Sua boquinha estava ligeiramente mais fechada do que deveria, algo quase imperceptível, e era isso que estava causando as feridas nos meus seios. Ela me ensinou a corrigir a pega do bebê, me ensinou posições para amamentar, massagens para ajudar o leite a sair (nesse ponto já havia um "caroço"de leite empedrado). Quando os 10 dias do primeiro antibiótico acabaram, eu percebi que meu seio ainda estava vermelho, mas achei que isso fosse sumir com o tempo. Mas 2 dias depois, comecei a sentir muita dor, a ponto de não conseguir levantar meu braço. Liguei pro meu marido e pedi para que ele viesse mais cedo do trabalho. Pedi ajuda pros meus pais também, que me levaram na emergência da maternidade. A médica ginecologista de plantão me deu remédio pra dor, e me prescreveu um antibiótico mais forte, para ser usado durante 6 dias. Lá pelo quinto dia, vi que ainda não havia melhorado, e antes de esperar a dor voltar, fui à emergência de outro hospital. O médico ginecologista que me atendeu aumentou a dosagem do antibiótico, e me mandou tomar por mais alguns dias. E no dia que esse terceiro tratamento acabou, consegui finalmente ser atendida por um mastologista, que me passou novos exames de imagem e foi constatado que eu estava com coleção de pus no seio esquerdo, e já estava grande. No final, tive que ser internada, e fiquei 10 dias tomando antibiótico intravenoso, a cada 4 horas. Também, fiz uma pequena cirurgia de drenagem, e depois punção por 3 vezes.
Esse tempo que fiquei no hospital teve seus prós e contras. Principal fator positivo é que me serviu como um descanso... Eu estava extremamente cansada com a rotina em casa, sozinha durante o dia todo com o bebê. No hospital haviam enfermeiras que me ajudavam, marido ficou comigo o tempo inteiro, além de eu não ter que me preocupar com preparar comida, limpar o quarto, lavar as roupas... Simplesmente tinha quem fizesse tudo por mim. Até banho no bebê as enfermeiras deram algumas vezes (fiquei internada na própria maternidade, pra evitar que o Nícolas fosse exposto a algum vírus/bactéria). E o lado negativo foi sentir dor - além dos procedimentos, o remédio que me aplicavam a cada 4 horas ardia bastante quando entrava na veia, e ver o Nícolas sofrer com cólicas, por causa dos remédios que eu estava tomando. Mas o o que importa é que consegui tratar a mastite, e agora estou ótima.
Superados esses obstáculos iniciais, agora a amamentação finalmente se tornou algo prazeroso, natural e tranquilo para nós dois. Nícolas está crescendo, engordando e se desenvolvendo super bem, somente com meu leite (mesmo com tudo isso, ele não precisou tomar leite artificial ou do banco de leite nenhuma vez), e assim pretendemos seguir por muito tempo, enquanto tiver sendo bom pra nós dois.
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Tadinha de você! Mas ainda bem que deu tudo certo, e você ainda teve um descanso :)
ResponderExcluirFoi um começo complicado, mas agora a amamentação está fluindo maravilhosamente!! Bebê enorme, gorducho e feliz!! :D
ExcluirBeijos!