quarta-feira, 5 de junho de 2019

O perigo dos bicos artificiais



Eu já tinha em mente não usar mamadeiras e chupetas com meu bebê, como relatei aqui, pois considerava mamadeira algo inútil pra quem amamenta, e sempre vi chupeta como um item desnecessário que só me geraria um problema futuro (na hora de retirar a chupeta da criança).
Mas até pouco tempo eu não sabia dos riscos que mamadeiras, chupetas, bicos intermediários de silicone e todos os demais bicos artificiais representam pra amamentação!! Fiquei chocada quando descobri, pois o risco de desmame precoce é real, e é algo muito pouco divulgado...

Na realidade, chupetas, mamadeiras e mesmo os bicos intermediários de silicone são sempre descritos como itens "amigos das mães", por ajudar a resolver questões associadas a alimentação, choros, dores na hora de amamentar, e tornar a maternidade mais leve. Mas a realidade é bem diferente disso... Bicos artificiais podem, sim, ocasionar o desmame dos bebês!!
Isso ocorre principalmente porque os músculos empregados para o bebê sugar bicos artificiais são diferentes do que os usados para sugar o seio. E ao empregar os bicos artificiais, o bebê pode "esquecer" quais músculos usar para sugar o mamilo da mãe, e acontecer a tão temida (e pouco conhecida) CONFUSÃO DOS BICOS!!! O bebê então não consegue mais fazer a pega certa, e não consegue sugar e ter uma mamada eficiente, e aí acaba tendo que se alimentar por meio de fórmula...

A tão indicada "complementação", pode levar a um ciclo vicioso, onde a amamentação vai ficando cada vez mais comprometida:
1- A mãe "complementa" a mamada com fórmula, pois acredita que seu leite é "fraco" ou "insuficiente".
2 - Por estar com a barriga cheia de fórmula (que tem a digestão mais lenta), o bebê "pula" uma mamada.
3 - O corpo materno entende que a demanda do bebê diminuiu, e produz menos leite.
4 - Na próxima mamada vai haver menos leite, e o bebê vai ficar com fome, irritado, e vai chorar, e aí a mãe vai complementar com mais fórmula, fechando o ciclo.
Se a fórmula for oferecida na mamadeira, pior ainda, pois nesse caso, além da estimulação da produção de leite menor do que necessária, ainda pode haver a confusão de bicos, e aí o bebê nem vai conseguir "pegar" o seio, ficando bem irritado e frustrado, levando a mãe a acreditar que ele está "rejeitando" o peito...
A inocente "chupetinha" também pode levar ao desmame, mesmo se não houver a confusão dos bicos, pois ela serve para substituir a mamada não nutritiva (quando o bebê "chupeta" o peito), que é muito importante no estímulo da produção de leite pela mãe. Colocar chupeta em um bebê ao invés de deixá-lo sugando o seio, vai fazer com que a mãe produza menos leite, o bebê não vai engordar tanto quanto esperado, e aí o pediatra vai receitar só uma "complementaçãozinha", caindo no ciclo vicioso mencionado anteriormente...

Mas não vou aqui levantar bandeiras extremistas. Claro que fórmulas podem salvar a vida de um bebê, quando bem indicadas. E os bicos artificiais podem, sim, serem aliados do cuidador, para casos específicos. Por exemplo, um bebê que por algum motivo não seja criado pela mãe, pode ser alimentado por meio de mamadeira com fórmula, e ser empregada chupeta para saciar sua necessidade de sucção. Ou uma mãe que realmente não produza leite em quantidade suficiente. Ou, até mesmo uma mãe que não queira amamentar seu filho por qualquer motivo que seja, ou aquela outra que está realmente esgotada física e/ou mentalmente e simplesmente não consegue se levantar durante a noite para amamentar, ou permanecer com seu bebê por horas e horas no colo realizando a sucção não-nutrtiva. Não acho que cabe a ninguém julgar os motivos que uma mãe tem para oferecer mamadeira ou chupeta ao seu bebê - cada uma sabe sua realidade e onde seu calo aperta.
O problema, ao meu ver, é que muitas vezes esses produtos são indicados (e até mesmo empurrados) para mães que não têm necessidade nenhuma deles, sem que elas sejam alertadas quanto aos riscos para a amamentação. Isso, sim, é algo grave. Oferecer algo que tem o poder de arruinar a amamentação de uma dupla mãe-bebê, sem que a mulher seja avisada dos riscos existentes (e, na maioria das vezes, fazendo com que ela acredite que está fazendo algo positivo para si mesma e seu bebê) é algo no mínimo irresponsável e mesmo cruel.



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