quarta-feira, 30 de setembro de 2020

A mão invisível do mercado não perdoa - slings

Comentei nesse post que, a certa altura, entrei em um grupo de whatsapp cujo tema central era SLINGS. O grupo era bem bacana, muitas mulheres super entendidas de slings (várias fizeram cursos, várias davam cursos de como usar os carregadores) que ajudavam demais e tiravam qualquer dúvida postada. Inclusive foi nesse grupo que eu vi que não estava usando o sling da maneira correta, o que pode ter sido o motivo do Nícolas nunca ter se adaptado... Mas algo que me chamou muito a atenção negativamente foi como grande parte das pessoas do grupo eram consumistas e incentivavam o consumismo (de panos!) 

Eu vejo um consumismo enorme na maternidade como um todo (já falei muitas vezes disso no blog), e vejo que carrinhos de bebês são itens muitas vezes usados como objetos de ostentação pelos pais... Por isso achei que pessoas que usassem slings (uma alternativa a carrinhos) fossem na contramão desse comportamento... Realmente pensei que encontraria nesse "mundo dos panos" pessoas mais alternativas, que questionassem o sistema e o consumismo como um todo... Ledo engano. O consumismo e a ostentação estavam bem presentes ali também, a única diferença era que os objetos de desejo eram panos.

Além de conversar sobre as melhores amarrações e ajudar a quem não entendia muito do assunto de carregar, como eu, o grupo também funcionava como um espaço para vender, comprar, rifar, trocar e emprestar panos... A primeira vez que eu vi um pedaço de pano anunciado por R$500,00, não acreditei!! Depois de um tempo descobri que ele era tão caro porque era feito em tear manual, com fios de determinadas especificações (ok, não era um pano qualquer). Depois desse, vi panos anunciados até por R$3000,00. 

Mas o que me chocou mais não foram os preços dos panos (comprar um produto caro e de qualidade não é sinônimo de consumismo), mas sim no comportamento das mulheres presentes no grupo: Várias delas tinham mais de 10 panos, algumas chegaram a relatar que tinham quase 50, e todos com a mesma finalidade: amarrar o bebê no corpo... Várias mulheres falando que estavam endividadas e que tinham brigas com os maridos porque não conseguiam parar de comprar panos de carregar bebê... Uma chegou a dizer, determinada vez, que estava muito infeliz com a sua vida, se sentia muito solitária na maternidade, e que sua válvula de escape era comprar panos... Oi?? 

Inicialmente me assustei muito, achei até que aquelas declarações fossem falsas ou algum tipo de piada de mau gosto... Mas à medida que continuei no grupo, comecei a entrar na mesma vibe e quase comprei um dos panos bem caros (porque tinha uma estampa bem linda), sendo que o Nícolas já estava andando e não demonstrava nenhum tipo de interesse em ficar no colo. Cheguei a combinar a compra com a vendedora, ela pegou meus dados e calculou o frete, mas na hora de fazer a transferência bancária, minha ficha caiu e não concluí a compra...

Depois desse episódio resolvi sair do grupo (e também depois de surgir um assunto no grupo criticando pais que levam seus filhos em carrinhos, como se os que carregam em slings fossem seres superiores e pais melhores - odeio ambientes que julguem e critiquem maternidade/paternidade), e creio que foi ótimo pra mim. Se algum dia eu ficar grávida de novo, aí sim pretendo voltar pra esse grupo (ou outro com a mesma temática), estudar sobre as formas de carregar e investir em um sling de qualidade, pra poder carregar o novo bebê. Mas agora realmente não tenho mais necessidade de carregadores, já que tenho um bebê que simplesmente ama caminhar e correr, e prefiro não frequentar um ambiente que instigue minha vontade de consumir de maneira desregrada e desnecessária. Foco no minimalismo!


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