quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Creche durante a Quarentena



Assim que percebemos que a quarentena ia demorar mais do que alguns dias, eu e marido conversamos e chegamos a uma decisão: enquanto nossos salários permanecessem inalterados, iríamos manter os pagamentos das pessoas e serviços contratados por nós. Isso se aplicou à faxineira que vem uma vez por semana aqui em casa, à empregada que havíamos contratado para fazer companhia para a enteada nos dias de semana (já que saímos cedo de casa e ela só estuda de tarde) e também à creche. 

Fizemos isso porque achamos importante mantermos a economia girando, principalmente nós, que somos privilegiados por termos a certeza de empregos estáveis e salários fixos. Sinceramente não esperávamos ter nenhuma contrapartida nem das nossas funcionárias domésticas, nem da creche, mas nos surpreendemos muito positivamente em relação a essa última.

Desde o começo da quarentena, as donas da creche vêm falando que querem ajudar as famílias a passarem por esse período e que estão procurando maneiras de facilitar a rotina dos pais com as crianças pequenas em casa... Pode parecer papo de "comerciante", mas a realidade é que elas realmente fizeram isso. Já no comecinho da pandemia, quando ainda esperávamos que as escolas/creches voltariam em poucas semanas, elas já diminuíram o valor da mensalidade significativamente (antes do governo sinalizar que isso seria obrigatório). Também, assumiram o compromisso de funcionarem durante o mês de dezembro, cancelando as férias coletivas previstas para esse período, para que as famílias pudessem tirar férias para ficar com as crianças em casa durante a (então acreditava-se) curta quarentena. À medida que a quarentena foi se estendendo, e todos percebemos que não seria algo breve, as donas da creche fizeram reuniões virtuais com os pais, pra entenderem quais as maiores dificuldades que estávamos sentindo, os medos e angústias, e pensarem (e aceitarem propostas também) maneiras de auxiliar. Duas grandes idéias que elas tiveram, e que têm nos ajudado bastante, é oferecimento de marmitinhas congeladas para as crianças (algo que me estressava diariamente era ter que pensar o que preparar para o Nícolas comer) e a reserva de horários para utilização do grande gramado da creche, para uma família por vez. Também, começaram a fornecer quites pedagógicos com alguns materiais e atividades semanalmente para as crianças (com tintas, materiais para montar alguns brinquedos de sucata, etc). 

Além disso, desde o início a creche se adaptou para o formato de aulas virtuais, pelo ZOOM.  Inicialmente nem dei tanta importância para isso, mas a cada semana tenho dado mais e mais valor para as aulinhas. Além de ser uma forma dele se manter em contato com as cuidadoras e coleguinhas (e assim não estranhar tanto quando tiver que voltar para a creche), as aulinhas são um momento previsível dentro dos dias sem rotina que estamos tendo. E isso é ótimo, tanto pra ele quanto pra mim. Também, tem dias que eu simplesmente não tenho ideia do que fazer para distrair o Nícolas preso em casa, e a aulinha se torna o ponto alto do dia, quando ele vai fazer alguma atividade diferente.

As aulinhas virtuais são as mesmas que a creche oferecia presencialmente: yoga, musicalização, culinária (nunca participamos da culinária, porque tenho medo da bagunça que faria em casa) e as rodinhas de conversa com as cuidadoras da turma, onde elas fazem diferentes atividades, como propor brincadeiras, dançar, contar histórias, etc...

Alguns dias o Nícolas participa bastante, outros dias ele não demonstra muito interesse, e vamos respeitando o ritmo e vontade dele, como tem que ser. De forma alguma encaramos a aulinha como obrigação, e a creche também fala bastante sobre isso: nem presencialmente as crianças são obrigadas a participar de qualquer atividade que seja, então virtualmente isso deve continuar. As aulinhas devem ser encaradas como uma possibilidade, um momento de distração da rotina em casa, e não como mais uma obrigação das crianças ou dos pais...

E há pouco tempo começaram também as oficinas presenciais, como uma forma de readaptar a criança ao convívio com outras pessoas, onde a criança vai acompanhada de um responsável e participa de atividades propostas (yoga, culinária e a rodinha de conversa) na área aberta, mantendo a distância dos demais presentes. Já fomos em algumas, e o Nícolas também demonstrou bastante satisfação.

Se eu já estava muito feliz com a escolha dessa creche, esse período de quarentena só serviu para me fazer ter ainda mais certeza que eu escolhi o lugar certo para meu filho passar um tempo significativo da sua primeira infância. 





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