quinta-feira, 26 de março de 2020
Iniciando o Desmame
Já falei anteriormente que eu amo amamentar!! Tivemos alguma dificuldade no começo, mas após vencidos os primeiros obstáculos, a amamentação fluiu super bem para Nícolas e eu, e realmente acho as horas que ele passa mamando um momento muito gostoso que dividimos, de carinho e cumplicidade.
Mas algumas vezes a amamentação não está mais sendo tão prazerosa quanto já foi em outros tempos, e não sinto nenhuma culpa em admitir isso.
Sei que o leite humano é o melhor alimento, incomparavelmente, pro bebê humano. E sei também que a amamentação vai muito além de simplesmente fornecer nutrientes pro bebê. Além da parte nutricional, o contato corpo a corpo da mãe com o bebê é essencial pra formação de vínculos, e pro crescimento psicológico saudável dele. Sou uma defensora ferrenha da amamentação, e nunca estimularia nenhuma mulher a desmamar seu bebê antes da hora...
Mas, por outro lado, também sou uma defensora ferrenha dos direitos das mulheres decidirem sobre suas vidas e seus corpos. Acredito piamente que a amamentação é uma relação entre duas pessoas (mãe e bebê), e como tal, tem que ser boa e prazerosa pros dois envolvidos. Não acho correto, de maneira nenhuma, pessoas que afirmam que a mãe tem que se sacrificar ao extremo, e aguentar toda dor (seja física ou psicológica) só pra amamentar... As fórmulas infantis existem justamente para os casos em que a amamentação não foi possível, ou para os casos em que a mulher simplesmente decidiu que não queria amamentar (sim, é direito da mulher, e ela não é uma péssima mãe por isso)!!
No meu caso, são dois os aspectos que começaram a me incomodar a respeito da amamentação:
O primeiro deles, é que em alguns momentos estou sentindo dor ao amamentar. Não sei exatamente se o Nícolas começou a fazer a pega de maneira errada novamente (suspeito que sim), se algumas vezes ele sente muita fome, e por isso suga com muito mais força (geralmente sinto dor nas mamadas da madrugada), se é por causa dos dentes que nasceram, ou uma junção de tudo isso. Estou tentando reajustar a pega, usando a mesma técnica que me ensinaram no Banco de Leite, quando ele era recém-nascido. Acho que está surtindo algum efeito, mas ainda é cedo pra afirmar...
E a segunda situação é o fato de eu me sentir "presa" pelo fato do Nícolas mamar durante a noite (e não conseguir se acalmar e pegar no sono novamente até que eu o amamente)... Já houve 2 oportunidades em que eu saí de noite sem ele - a primeira em uma festa que e eu fui com minha enteada mais velha, e a segunda, no aniversário de uma tia, que fui com minha irmã e minha enteada mais nova. Em ambas as ocasiões, fiquei super pouco tempo, e enquanto estava lá fiquei o tempo todo pensando que a qualquer momento o Nícolas poderia acordar e começar a chorar querendo mamar... Ao invés de aproveitar as festas, fiquei o tempo inteiro olhando para o celular, aguardando alguma ligação desesperada do meu marido dizendo que ele havia acordado e queria mamar.
De toda forma, quando eu falo que estou iniciando o desmame, não estou esperando que ele largue o peito do dia pra noite, nem estou fazendo aquele processo mais "comum" e doloroso, que consiste em deixar a criança chorar querendo mamar e tendo seu pedido negado, até finalmente se conformar que acabou (o que costuma acontecer depois de alguns dias ou semanas)...
Ao contrário disso, estou começando a guiar o desmame, tomando atitudes pequenas, para que ele ocorra de maneira lenta, suave e progressiva, de forma que o Nícolas esteja psicologicamente preparado para parar de mamar quando eu decidir que chegou a hora (o que não acredito nem quero que aconteça antes dos próximos seis meses - quando então ele fará 2 anos de idade).
Em termos práticos, o que comecei a fazer agora é tirar do peito o papel de "ferramenta para acalmar". Quando o Nícolas cai e se machuca, por exemplo, em vez de oferecer o seio para acalmar o choro, eu pego ele no colo, faço carinho, dou beijinhos, mas não ofereço o seio. Algumas vezes ele coloca a mão no meu seio enquanto chora, e eu deixo, mas continuo sem oferecer. Somente quando ele pede mesmo, durante algum tempo, é que eu deixo ele mamar pra se acalmar - acontece quando ele se machuca um pouco mais sério, ou se assusta muito, como um dia desses em que ele estava escalando seu carrinho, e o carrinho virou, Nícolas caiu de cabeça direto no chão, e o carrinho ainda caiu por cima dele... :(
Quando ele já estiver bem acostumado a não usar mais o seio como forma de se acalmar/consolar, aí pretendo tirar também do seio a função de adormecer... Na creche ele já se dirige sozinho para seu colchãozinho, quando sente sono, e dorme. Em casa, quando está sozinho com o pai, também acontece. Mas se eu estou em casa, raramente ele dorme se não for mamando. Pretendo ir também aos poucos tirando esse hábito dele, de forma que ele se acostume a dormir de alguma outra forma, que não mamando (talvez ouvindo uma historinha, ou uma musiquinha).
Acredito que quando isso acontecer e o seio deixar de ser uma ferramenta para outra finalidade que não nutrir, o desmame vai acontecer de maneira muito mais fácil e sem sofrimento. Porque, nesse caso, eu estarei tirando dele somente uma forma de se alimentar, e posso dar outra em substituição (até mesmo uma mamadeira), mas ele não vai ter dificuldades para suprir outras necessidades, como se acalmar e dormir.
Mas após citar algumas vantagens em deixar de amamentar, não posso deixar de citar vantagens que vejo em amamentar.
Primeiro, é muito tranquilizante para mim ter a opção de amamentar quando ele está doentinho e sem apetite. Além de nutrir, o leite também hidrata, então mesmo quando ele está indisposto e não aceita comer ou beber nada, o fato de estar mamando já me deixa muito menos preocupada com uma possível desidratação ou desnutrição.
Segundo, amamentar é muito prático. Quando vamos sair, não tenho que ficar me preocupando em levar lanchinhos para o Nícolas. Se por algum motivo o lugar onde formos não tiver nenhuma opção pra ele comer e bater a fome, basta eu dar o peito. Claro que essa não é uma solução para todos os dias (uma vez que, após 1 ano de idade, o leite humano é somente um complemento, e não mais a refeição principal da criança), mas para de vez em quando quebra um galho muito grande, sim.
E, por último, mas não menos importante, é a questão do carinho trocado durante a amamentação. Uma das coisas que mais gosto de fazer é me sentar na cadeira de balanço e assistir a um filme, enquanto ele mama e dorme no meu colo. E sei que ele também adora esses momentos em que fica adormecido "chupetando" meu seio, e se sentindo acolhido e amado. É um momento simplesmente maravilhoso, e tenho certeza que vou (vamos) sentir muita falta disso quando essa etapa nas nossas vidas passar.
Mas, uma vez que é inevitável que o desmame aconteça, estou bem segura que ir conduzindo de forma gradual e gentil, preparando meu garotinho (e a mim também) para essa ruptura em nossas vidas, é a melhor maneira de fazê-lo.
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