Como eu escrevi aqui, listei alguns itens que eu gostaria que a creche que o Nícolas ficasse tivesse. Visitamos ao todo 7 creches, e a creche que finalmente elegemos como a melhor para o Nícolas atendia a grande parte desse itens, mas não a todos. Foram eles:
OBRIGATÓRIOS:
* Ter horário compatível com nosso horário de trabalho; 👍
* Se encaixar em nosso orçamento; 👍
* Proporcionar alimentação vegana; 👍
DESEJÁVEIS:
*Ser 100% vegana;👎
* Não ter televisão; 👍
* Não deixar o bebê "preso" no berço/cadeirinha/carrinho em nenhum momento; 👍
* Aceitar utilizar fraldas de pano; 👍
* Dar prosseguimento à Higiene Natural, que estávamos fazendo em casa; 👎
* Oferecer leite materno (que eu deixaria congelado) em um copinho ou colher dosadora;👎
* Ofertar alimento pela técnica BLW;👎
* Ter espaço ao ar livre;👎
* Incentivar o "livre brincar"; 👍
* Não ser um ambiente escolar (com carteiras, quadro negro e aulas para bebês); 👍
* Ser bilíngue;👎
Apesar da creche não ser vegana, estou bastante satisfeita com a parte da alimentação. Existe uma nutricionista que elabora todos os cardápios e acompanha as refeições, para garantir que as necessidades nutricionais das crianças estejam sendo atendidas, e também faz todas as substituições nos cardápios das crianças com restrições. Nessa creche eles não usam leite de vaca e derivados, já que muitas crianças têm alergia/intolerância a lácteos, e também não utilizam ovos em receitas, somente "in natura" (por exemplo, bolos e pães são sempre sem ovos). Aí bastou eu pedir para não oferecerem carnes nem ovos ao Nícolas, e a alimentação dele já ficou 100% vegana. Também, não utilizam açúcar em nenhuma receita, e só incluem sal após 1 ano de idade. Não é permitido entrar com nenhum tipo de alimento na creche. Isso eu também acho perfeito, assim tenho certeza que nenhuma outra criança vai levar algum alimento que não seja o que eu quero que o Nícolas consuma, e dar pra ele.
Ainda sobre alimentação, inicialmente a coordenadora me disse que poderia prosseguir com a introdução alimentar pelo método BLW, se fizéssemos questão, mas que lá eles faziam o que chamavam de "BLW participativo", onde as frutas eram ofertadas em pedaços, mas os demais sólidos eram preparados com uma consistência mais pastosa e oferecido em colher. Achamos melhor então aderir ao que a creche já estava mais acostumada a fazer, até porque, dessa forma, iríamos garantir que ele comeria uma maior quantidade.
Algo que me incomodou num primeiro momento foi eles não aceitarem que eu deixasse leite materno congelado para ser ofertado em copo. A coordenadora me explicou que para armazenar leite materno, a vigilância sanitária exige que exista uma sala especial para o armazenamento e descongelamento, e que na creche não havia espaço físico para tal sala. Mas ela me garantiu que os bebês ficam bem, sendo alimentados com as comidas lá preparadas. Fiquei apreensiva em fazer essa ruptura repentina, de LM exclusivo para o dia inteiro só com comida. mas as coisas fluíram muito bem. O Nícolas se adaptou relativamente rápido aos alimentos pastosos/sólidos, e eu também ia amamentá-lo todos os dias na hora do almoço. Nos primeiros dias ele mamava muito quando eu ia nesse horário, mas aos poucos foi diminuindo a quantidade das mamadas. Esse ano, após o retorno das férias, já tivemos 8 dias de funcionamento da creche, e eu só fui amamentá-lo 1 dia. Nos outros dias todos ele almoçou e dormiu justamente no horário que eu costumava ir amamentá-lo (o que, para mim, significa que ele está bem alimentado).
Sobre a Higiene Natural, quando fomos visitar a creche, a coordenadora pareceu encantada quando dissemos que o Nícolas usava o penico para evacuar, e se mostrou bastante disposta a dar prosseguimento à técnica. Porém, depois que o Nícolas começou na creche, a cuidadora específica dele me confessou que seria difícil dar prosseguimento, uma vez que ela tinha que ficar prestando atenção a vários bebês ao mesmo tempo, e portanto não seria possível ficar sempre atenta aos sinais do Nícolas, e nem atendê-lo prontamente, sempre que quisesse evacuar. Na primeira semana que o Nícolas iniciou na creche, ele não evacuou na fralda nenhuma vez. Ele evacuava antes de ir, e assim que voltava pra casa. Achei que essa rotina se manteria, e fiquei bastante satisfeita. Mas acredito que, pelo grande período que ele passa na creche (11 horas diárias), após a primeira semana, ele começou a evacuar nas fraldas, durante o período que ficava na creche. Ainda assim, todas as manhãs, logo que acordava, o colocávamos no penico, e ele evacuava antes de ir pra creche. Após algum tempo (próximo aos 8 ou 9 meses de idade) ele simplesmente não quis mais saber do penico. Agora ele só evacua na fralda. Ou seja, todo o avanço que havíamos feito em relação à Higiene Natural foi perdido... Acho que esse foi o maior óbice que tivemos com a ida do Nícolas para creche... Mas faz parte, não pode-se ganhar em tudo...
Para nós também era muito importante que a creche tivesse um grande espaço ao ar livre. Infelizmente a creche escolhida não tinha, e chegamos a pensar se devíamos procurar um outro lugar... Mas como, de todas que fomos, essa foi a que mais nos agradou, de longe (desconsiderando aquela que eu comentei no post anterior que funcionava na casa de uma pedagoga Waldorf, mas que não nos atendia em relação ao horário de funcionamento), relevamos esse detalhe. Como o Nícolas era pequenininho ainda, ele nem aproveitaria efetivamente o espaço ao ar livre. Deixamos para nos preocupar com isso quando o Nícolas estivesse maior. E, por uma feliz coincidência, após as férias de final de ano houve uma mudança do local da creche, que passou para um espaço bem maior, com um enorme gramado ao ar livre. Justamente quando o Nícolas aprendeu a andar, e vai poder aproveitar bastante esse espaço.
E o último dos nossos desejos não atendidos era a questão da creche ser bilingue. Eu gostaria muito que o Nícolas aprendesse uma segunda língua ainda na primeira infância, pois sei dos diversos estudos que demonstram que, nessa idade, a criança tem uma plasticidade no cérebro, que favorece aprender. Adoraria que ele tivesse duas línguas maternas. Mas, infelizmente, não encontramos nenhuma creche que atendesse aos quesitos obrigatórios "horário" e "orçamento familiar" e que fosse bilingue. Além disso, se eu tivesse que escolher entre uma creche bilíngue que tem processos pedagógicos rígidos e uma outra que não fosse bilíngue, mas deixasse meu filho livre para brincar, eu ainda assim escolheria a segunda. Ele terá a vida inteira para aprender um segundo (ou terceiro, quarto, quinto) idioma, mas a infância só acontece agora. Então parei de pensar nessa questão. Quando for a hora certa, colocamos ele em um curso de inglês, respeitando sempre sua infância.
Agora, depois de ter falado sobre todos os desejos não atendidos da creche que escolhemos, posso listar tudo o que me fez ficar apaixonada por essa creche:
Primeiramente, eu amo a forma com que eles tratam a criança. Essa creche segue a abordagem Pickler (bastante parecida ao método montessori, mas menos rígida em relação a materiais didáticos), que incentiva o respeito à autonomia da criança e o respeito à sua individualidade e seu corpo. As crianças são deixadas livres o tempo todo, no chão (vão pro colo somente quando pedem), podendo explorar seu próprio corpo e movimentos, e objetos deixados ao seu alcance. Ainda, para qualquer procedimento que vá ser realizado com a criança (trocar a fralda, dar banho, etc) ela é avisada sobre o que vai ser feito, e é pedido sempre "licença" pelas cuidadoras para tocá-la.
Existem duas "aulas", sendo uma hora por semana de musicalização, e uma hora por semana de yoga. Mas ambas acontecem de maneira totalmente descontraída e lúdica, como uma brincadeira. O grupo que vem à creche dirigir a atividade de musicalização sempre traz músicas diferentes, e também instrumentos musicais, que ficam à disposição dos pequenos para manipularem. O Nícolas é absolutamente apaixonado pelos instrumentos musicais, em especial pelo violão. As aulas de yoga, ele começou somente esse ano, pela idade. Ainda não sei se ele gosta ou não, mas estou na torcida. De toda forma, caso uma criança não se sinta confortável em determinada atividade, não é obrigada a fazê-la.
O livre-brincar também é muito estimulado na creche. Como as sócias (ambas psicólogas) da creche sempre dizem, lá eles não dão estímulos às crianças, e sim possibilidades. Então ninguém vai montar um circuito e passar a criança por ele para acelerá-la no processo de andar, por exemplo. Mas haverão materiais deixados à disposição da criança, que possibilitam que ela exercite o que precisa para dominar a técnica de andar, por exemplo. Porque, no fim das contas, o que a creche acredita é que cada criança tem seu ritmo, e cada criança já tem um mapa mental interno do que deve ser feito. Adultos não precisam ensinar as crianças a fazerem nada. Elas sabem aprender por conta própria. Tudo o que os adultos precisam fazer é não atrapalhá-las. Concordo totalmente com essa visão, e estou bastante satisfeita por ter encontrado um lugar para deixar meu bebê tão alinhado ao meu pensamento.
A creche também apresenta e convida as crianças a participarem de diversas atividades simples mas divertidas, como rasgar papéis, pintar com tinta, brincar de bolinhas de sabão, mexer em folhas secas, usar diferentes pedaços de tecidos para se esconderem, e até mesmo brincar com água, nos dias mais quentes.
E por fim, mas não menos importante (talvez esse seja o ponto mais importante, inclusive), um enorme diferencial dessa creche é o carinho com que meu bebê é tratado. Sinto realmente que as cuidadoras se preocupam com o bem-estar do Nícolas, e não somente o tratam como mais um "cliente". E esse carinho pode ser notado pela conexão que ele desenvolveu com as duas cuidadoras principais. Pra mim isso ficou muito claro em um dia que fomos a um "aulão de música" na parte da noite, na creche, e o Nícolas saiu do meu colo para ir pro colo da cuidadora... Pra mim não tem preço saber que meu bebê está sendo bem cuidado, protegido e amado enquanto não posso estar ao seu lado.
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