quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020
Critérios para escolha da creche
Uma vez que decidimos colocar o Nícolas em uma creche, como relatei neste post, nos restava então a missão de escolhermos QUAL seria a creche.
Para fazer essa escolha, listei alguns itens que eu considerava desejáveis que a creche seguisse, e fui conhecer várias, sempre buscando e perguntando a respeito desses itens. Fiz uma pré-seleção das creches a partir das informações que obtive conversando com algumas pessoas, e vendo alguns relatos/indicações pela internet, e fomos (eu e meu marido) pessoalmente em 7 delas - as que achei que teriam chance de atender ao que estávamos procurando.
Acredito que é fundamental que a creche esteja alinhada ao que a família acredita em relação a criação, já que ali é o lugar onde a criança vai ficar por muitas horas no dia (no nosso caso, 11 horas todos os dias), e terá uma participação muito grande na formação da sua personalidade.
Os itens que estavam na minha lista eram:
OBRIGATÓRIOS:
* Ter horário compatível com nosso horário de trabalho;
* Se encaixar em nosso orçamento;
* Proporcionar alimentação vegana;
DESEJÁVEIS:
*Ser 100% vegana;
* Não ter televisão;
* Não deixar o bebê "preso" no berço/cadeirinha/carrinho em nenhum momento;
* Aceitar utilizar fraldas de pano;
* Dar prosseguimento à Higiene Natural, que estávamos fazendo em casa;
* Oferecer leite materno (que eu deixaria congelado) em um copinho ou colher dosadora;
* Ofertar alimento pela técnica BLW;
* Ter espaço ao ar livre;
* Incentivar o "livre brincar"
* Não ser um ambiente escolar (com carteiras, quadro negro e aulas para bebês);
* Ser bilíngue;
Uma creche que atendesse a todos esses itens, seria perfeita aos meus olhos. Mas como perfeição não existe, tivemos que abrir mão de alguns desejos... Os itens listados como OBRIGATÓRIOS são aqueles que não poderíamos ou não queríamos abrir mão de maneira alguma. Para os demais itens, iríamos buscar equilibrar o que mais considerávamos importante, podendo abrir mão de algumas coisas para ganharmos outras.
De todas as 7 creches que fomos, a que eu mais gostei foi uma que funcionava na casa de uma pedagoga, que também trabalha em uma escola Waldorf de referência aqui na minha cidade. O ambiente era lindo. Pequeno e muito acolhedor, seguro e bem preparado para receber bebês e crianças pequenas e estimular sua autonomia. A pedagoga era uma graça também. Eu deixaria meu filho ali muito tranquila que ele seria muito bem cuidado. O único problema foi a questão do horário. Como ela trabalhava um turno na escola Waldorf (não me lembro se de manhã ou de tarde), ela só poderia atender no outro turno. Então, com dor no coração, tive que riscar esse espaço da minha lista.
Também, de todas as creches, somente uma era vegetariana, se adequando facilmente a um cardápio vegano. Ela também era bem próxima ao nosso trabalho (a segunda mais próxima, das que visitamos), mas o que me fez desistir dela é que ela era a que mais se assemelhava a uma escola. A primeira turminha, de bebês de até dois anos, fica numa salinha com brinquedos no chão. Porém, a partir dos dois aninhos, as crianças já ficam em salas de aulas - com quadro, mesinhas e cadeiras alinhadas - usam livros e têm até tarefa para casa. Pra alguns pais isso pode parecer uma maravilha, mas não é isso que espero pro Nícolas. Acredito que ele terá o resto da vida para estudar, ter horários rígidos e obrigações. Nesse momento, acredito que o mais importante pra ele é ser criança. É poder brincar sem regras, exercitando sua criatividade, na hora que tiver vontade, e da maneira que lhe parecer melhor.
A creche com a melhor estrutura que visitamos (e que é muito bem conceituada aqui na minha cidade) me encantou à primeira vista, mas bastou eu chegar na salinha dos bebês, pra desistir de deixar o Nícolas lá. Apesar de ser muito limpa, muito organizada, não gostei do fato da salinha ser composta de berços alinhados, um ao lado do outro. Apesar de me dizerem que eles não mantém os bebês presos nos berços contra sua vontade, eu não acreditei. Já ouvi falar de creches em que o "horário de dormir" tem que ser respeitado por todos os bebês, para aprenderem a "obedecer a rotina", independente se eles estejam dormindo, ou se esgoelando querendo sair do berço...
Sou totalmente contra essa forma de "ensinar" pra criança a respeitar horários, então não quis correr o risco com essa creche. Além disso, eles tinham uma proposta pedagógica "bem elaborada", lista de "material escolar" a ser fornecido pelas famílias e inclusive chamavam os bebês de "estudantes". Acho que os pais que elegeram essa creche consideram isso tudo pontos positivos, mas não é isso que eu espero pro meu bebê, de forma alguma!! Meu bebê não é um estudante, ora bolas!! Não quero apressar as fases.
A maior decepção dentre as creches que visitamos, foi uma que tinha a palavra "montessoriana" no nome. Pelo nome, imaginei que essa seria minha creche preferida. Mas ela era "montessariana" só no nome mesmo... De todas que fomos, essa foi a única que me desestimulou a ir ver meu filho no horário do almoço (segunda a pessoa que nos atendeu, isso não é bom pra criança), e também me desestimulou a deixar o leite materno para ser oferecido no copinho. Segundo ela, mamadeira não faz mal algum, e é muito melhor pra criança... Além disso, nessa creche havia televisão em todas as salinhas de aula. A pessoa ainda tentou me enrolar, dizendo que a TV era só pras crianças ouvirem música na hora de dormir, mas meu marido observou algumas crianças em uma das salas hipnotizadas pela televisão. Essa foi riscada da lista sem dó.
A pior creche que visitamos era uma que é voltada quase exclusivamente para militares que trabalham na região do nosso quartel. É a mais próxima aos nossos quartéis também. Mas nessa, tudo aconteceu errado. Fomos visitá-la em uma tarde que era véspera de feriado. Chegamos na creche/escola e já fomos entrando, sem que ninguém nos abordasse e perguntasse o que estávamos fazendo ali. Não havia segurança, recepcionista, diretor, nada... Não sei se no dia a dia também é assim, ou se era por causa do feriado, mas de toda forma, é muito errado e perigoso que pessoas estranhas consigam entrar numa creche sem nenhum tipo de controle. Haviam 3 turmas com criança. Chegamos próximo a uma das salas de aula, e a "professora" estava penteando uma criança com certa brutalidade, gritando "Pára de chorar, Fulana, você é muito chata!" enquanto a criança chorava, e as demais crianças estavam completamente vidradas na televisão. Saímos horrorizados, sem nem sermos notados por ninguém. Nunca deixaríamos nosso bebê nesse lugar.
Todas as creches (exceto essa última que falei, a qual nem chegamos a conversar com ninguém) disseram que poderiam utilizar as fraldas de pano sem problema algum. Também, todas disseram que poderiam dar prosseguimento à Higiene Natural, bastando que lhes ensinássemos a técnica. Somente uma (a mais bem estruturada) disse que não fazia a técnica de introdução alimentar BLW, por risco de engasgo, visto que não havia como deixar uma cuidadora exclusiva para cada criança.
A creche melhor estruturada (que eu já citei acima), também tinha aulas de inglês para bebês, em convênio com um cursinho da cidade. Mas quando eu listei o item "bilíngue", eu não estava buscando aulas de inglês; o que eu gostaria era que as cuidadoras fossem fluentes em inglês, e conversassem de maneira espontânea em inglês com os bebês, de maneira que Nícolas aprendesse inglês naturalmente, da mesma forma que está aprendendo português. Nenhuma das creches que visitamos atendia a esse quesito. Cheguei a ouvir falar de uma creche realmente bilíngue (e não com "aulas de inglês"), mas ela ficava muito longe de nossa casa, então nem chegamos a visitá-la.
De olho em todos esses itens, chegamos finalmente à melhor creche para nosso bebê. Mas como o post já se alongou demais, vou deixar para falar dela no próximo post.
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