segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Meu Segundo Parto - Parte 2: Relato do Parto

Dia 13 de junho, domingo, acordei com uma leve cólica  por volta das 7h00. Supus que fosse uma cólica intestinal e fui ao banheiro. A cólica passou e eu ainda estava no banheiro fazendo minha higiene da manhã, quando senti novamente outra "pontada" de cólica. Essa segunda cólica passou novamente, e daí a 5min veio novamente... Achei estranho o que estava acontecendo e fiquei na dúvida se aproveitava que o Nícolas ainda estava dormindo (dificilmente ele acorda depois de 7h00) e voltava a dormir também, ou se eu acordava o marido... Resolvi acordá-lo e contei que talvez eu estivesse entrando em trabalho de parto. Eu esperava que o TP fosse se iniciar com contrações bem espaçadas, que iriam se intensificar e ficar cada vez mais próximas, até que quando estivessem fortes e ocorrendo a cada 5min, seria a hora de ir ao hospital... As minhas "cólicas" eram fracas em intensidade, mas já estavam acontecendo de maneira regular a cada 5min. Ficamos um pouco na dúvida do que deveríamos fazer e então às 8h00 liguei pra minha médica. Como eu não tinha certeza se era TP ou não, ela pediu que fôssemos então ao hospital para avaliar e que depois a informássemos sobre o que estava acontecendo. 

Então marido foi se arrumar, tomar café da manhã (eu não quis comer nada por causa das dores que sentia) e cuidar do Nícolas. Eu telefonei pra minha mãe pedindo que ela viesse pra minha casa ficar um tempo com Nícolas até que tivéssemos certeza se precisaríamos chamar a Letícia ou não (não quis chamá-la até ter certeza que era mesmo trabalho de parto). Nesse meio tempo as dores aumentaram consideravelmente e eu, que estava sem pressa, já comecei a apressar bastante o marido para irmos logo ao hospital. Como minha mãe disse que levaria ainda 30min para chegar na minha casa, pedi para minha irmã (que é minha vizinha) vir ficar com o Nícolas, pois eu não queria esperar mais 30min. Então fomos bem apressados para o hospital e às 9h30 a médica do PS fez o exame de toque em mim. Nesse momento ela verificou que eu já estava com 7cm de dilatação(!!!), ligou para a minha médica e já fez todo o procedimento para minha internação. Fui admitida em uma sala que não era uma das "salas especiais" de parto humanizado (com banheira, bola, etc), já que as duas existentes no hospital estavam sendo usadas naquele momento. Pedi anestesia assim que soube que era mesmo TP, mas já não me lembro se tomei anestesia antes ou depois da minha médica chegar. Depois da anestesia a minha médica rompeu minha bolsa e em algum momento também me administrou ocitocina intravenosa para acelerar o trabalho de parto. Ficamos um tempo esperando evoluir tranquilamente, já sem dor, e quando eu atingi os 10cm ela começou a me pedir para empurrar. Depois de algum tempo e apesar da anestesia, eu voltei a sentir dores cada vez mais fortes e chegou um momento que pedi uma nova anestesia. A médica quis me dissuadir de tomar outra anestesia, mas depois de um tempo eu continuei insistindo e então tomei. A segunda anestesia não me deu o mesmo alívio da primeira, mas a dor se tornou mais suportável. Eu podia sentir quando as contrações começavam, e nesses momentos a médica me pedia para fazer força. Por muitas vezes eu não conseguia fazer força direito (nos músculos corretos) e isso foi me cansando muito. Além disso, diferente do que eu vejo acontecer em registros de parto, eu não tinha um intervalo entre contrações para descansar e me recuperar - parece que elas vinham uma atrás da outra... Algum tempo depois da anestesia, eu já estava novamente sentindo muita dor e pedi então para fazer uma cesariana. A médica tentou me dissuadir dessa ideia novamente, e me pediu para tentar mais meia hora o parto normal. Mas quando ela falou isso, eu me desesperei: não conseguiria aguentar mais 5min daquela dor, menos ainda 30min. Pedi desesperadamente por uma cesariana e então ela tomou as providências para que eu fosse levada para a sala de cirurgia. Até para eu sair da cama que estava para sentar na cadeira de rodas, foi difícil. Na hora eu só pedia para me anestesiarem o mais rápido possível, pois eu queria parar de sentir o que eu estava sentindo. E quando tomei a anestesia, foi um alívio enorme... Depois disso, foram os procedimentos normais da cesariana.

Vinícius nasceu com certa dificuldade de respirar, então não foi direto para o meu colo. Puseram ele numa incubadora com uma máscara para ser oxigenado e ele só chorou após alguns minutos. Ficou ainda 2 horas nessa incubadora, enquanto eu estava na sala de recuperação e só depois disso eu pude pegá-lo no colo pela primeira vez. Mas apesar disso, ele se recuperou bem dessa primeira intervenção e da infecção no olho que adquiriu, provavelmente a partir dessa máscara contaminada. 

E apesar do parto não ter sido como eu imaginava, pela segunda vez, e apesar da dor, me senti bem durante todo o procedimento. Achei muito respeitoso a médica ter tentado me dissuadir de tomar a anestesia e de fazer a cesariana, já que ela sabia que não era o que eu queria. E mais respeitoso ainda ela ter acatado a minha decisão do momento, após eu confirmar que era isso que eu queria sim. Apesar de tudo, me senti no controle da situação e isso foi muito importante para eu me sentir confiante e confortável. Apesar de não ter tido o parto natural como eu tanto desejava, fiquei feliz e bastante orgulhosa da perfeição e rapidez com que meu corpo evoluiu até os 7cm de dilatação.

Após um tempo refletindo melhor, consegui perceber coisas que aconteceram e que talvez tenham atrapalhado o meu parto natural, e outras que eu poderia ter feito e teriam me ajudado... Pensar nisso é um pouco penoso, pois vem a sensação de "e se eu tivesse feito tal coisa, talvez tivesse conseguido meu parto perfeito"... Mas nada que me faça chorar, como foi na primeira vez que "fracassei" no parto normal e fui submetida ao parto cesáreo do Nícolas... Escrever sobre isso me ajuda a pôr pra fora e lidar com esses sentimentos. E saber o que poderia ter sido feito diferente é bom, pois se algum dia eu engravidar novamente, posso tentar fazer tudo de forma mais perfeita e talvez vivenciar o "parto ideal"... Mas vou deixar pra falar disso num próximo post.

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