quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Volta às aulas

Sim, a pandemia não terminou (como infelizmente muita gente parece acreditar) mas ainda assim o comércio e até mesmo as escolas e creches já reabriram em muitas cidades. Foi o caso da nossa.
Durante muito tempo eu fiquei bastante angustiada com a possibilidade das escolas reabrirem e com a possibilidade de, uma vez que isso acontecesse, eu tivesse que voltar ao meu trabalho e não tivesse escolha a não ser deixar o Nícolas na creche. Cheguei a cogitar e até mesmo informei meu chefe que eu iria pedir uma licença sem remuneração para poder ficar em casa 100% dedicada a cuidar do Nícolas, sem esse "fantasma" da reabertura das escolas rondando minha cabeça. Foram várias vezes que marcaram data para a reabertura, e depois algum decreto decidia que deveriam ser mantidas fechadas... A cada nova data marcada, meu coração saltava e eu sentia um misto de pavor com desespero com impotência e mais um monte de sentimentos péssimos juntos...

Até que, enfim, marcaram uma data em comum acordo com alguns órgão (não sei exatamente quais), o que indicava que essa seria realmente a data definitiva de reabertura das escolas/creches particulares. E foi. Apesar do meu desejo em mantê-lo longe da creche pelo menos até o final desse ano, eu e marido conversamos bastante e decidimos levá-lo desde o primeiro dia de abertura. 

O que nos motivou a tomar essa decisão foi:
Primeiro, como eu falei anteriormente, um dos meus grandes medos era que assim que as escolas reabrissem, eu tivesse que voltar ao meu trabalho presencial. Como eu não queria deixar o Nícolas na creche sem ele passar por uma adaptação primeiro (que eu imaginei que fosse ser beeeem demorada), decidimos levá-lo logo, aproveitando o intervalo entre a reabertura da creche e meu retorno ao trabalho, para que eu pudesse passar o tempo que fosse preciso trabalhando na sua adaptação.
Segundo, a creche tomou várias medidas de segurança que realmente nos pareceram efetivas (e não somente "para inglês ver" como vemos em vários estabelecimentos comerciais):
*  Em vez de usar as salas de aula, as crianças agora ficam o tempo inteiro ao ar livre, e para isso foram instalados grandes toldos no gramado (para proteger do sol e da chuva).
* Também, as crianças e cuidadoras foram divididas em 2 turnos, que modo que as pessoas do turno da manhã não tenham contato com as do turno da tarde.
* Cada turminha ficou com no máximo 4 crianças e uma cuidadora fixa, evitando contato com crianças e cuidadoras de outras turmas.
* As crianças não tomam mais banho ou escovam os dentes na creche e somente trocam a fralda se necessário.
* Ao invés de brinquedos compartilhados, cada criança tem sua própria caixa de brinquedos, não havendo, assim, troca de brinquedos entre os colegas

Além disso tudo, o número de crianças que estão frequentando a creche está bem reduzido, uma vez que alguns pais desmatricularam seus filhos durante a quarentena, e algumas outras, mesmo continuando matriculadas, ainda não estão frequentando porque os pais ainda não estão se sentindo seguros para tomar esse passo. 

E como eu falei, eu imaginei que após tanto tempo longe a adaptação do Nícolas fosse ser bem demorada. Eu estava realmente preparada para ficar durante todo o período de "aula", durante algumas semanas, acompanhando ele na creche.
E não poderia estar mais enganada. A adaptação dele foi quase instantânea. No primeiro dia eu ainda passei o período inteiro lá (levei meu computador e fiquei trabalhando em uma mesa próxima ao toldo onde as crianças ficam), e ele quase não lembrou de mim durante todo esse período. Já a partir do segundo dia eu deixei ele na creche, me despedi e fui embora e ele ficou ótimo!! Inclusive, todos os dias ele acorda e já vai pra porta de casa com sua mochilinha pedindo pra ir pra creche (e chamando o nome de sua cuidadora). Esse período fora de casa (ainda não estamos saindo para nada mais, pois à exceção da creche, estamos obedecendo o isolamento social) está fazendo muito bem a ele!! 

Depois dessa rápida adaptação, ainda cheguei a cogitar parar de levá-lo à creche, e esperar então até que meu trabalho indicasse que o homeoffice seria cancelado para então voltar a levá-lo (como não houve problemas na adaptação, ele poderia voltar a frequentar a creche no mesmo dia que eu precisasse voltar ao trabalho). Porém acreditamos que parar de levá-lo agora seria muito estressante para ele, pois vemos que está sendo realmente muito importante esse momento de distração, de atividades dirigidas e brincadeiras ao ar livre, convívio com os colegas e mudança de ares. Se pra nós ficar dentro de casa já é muito cansativo, pra ele então nem se fala...

Já houve quem me falasse que não faz muito sentido mantermos esse "isolamento social parcial": não saímos para shoppings ou restaurantes, não fazemos visitas a amigos ou recebemos amigos em casa, mas deixamos nosso filho ir para a creche. Mas, na realidade, pra nós faz sentido sim. Acredito que tudo é uma questão de pesar prós e contras: certamente existe um risco maior de contaminação associado ao fato do nosso filho estar frequentando a creche do que se ele estivesse em casa o tempo todo. Mas os benefícios que estamos vendo nisso (tanto pra ele quanto pra nós) faz o risco valer a pena. A saúde mental tanto dele quanto nossa está muito melhor agora, tendo esses momentos de distração (pra ele) e de descanso (para nós - cuidar de um menininho 24h preso dentro de casa não é das tarefas mais fáceis não).
Quanto às demais atividades, certamente estamos com saudade de voltarmos a viver uma vida "normal", sem estarmos presos em casa o tempo todo, saindo e nos encontrando com amigos e parentes. Mas certamente vale a pena nos esforçarmos um pouco mais, aguentando mais um pouco (ou muito) até que essa pandemia acabe. 

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