quinta-feira, 22 de agosto de 2019
Acabou a licença maternidade... E agora??
Eu já queria ter escrito esse post há muito tempo, antes mesmo de decidirmos matricular o Nícolas em uma creche. Mas, antes tarde do que nunca, agora escrevo tudo que nos ocorreu para tomarmos a decisão de que fazer após o fim da minha licença maternidade.
Bem, primeiro cabe aqui dizer que cada família funciona de uma maneira diferente, e que não existe uma solução única - o que funciona pra uns, não necessariamente funcionará para outros. Também, não existe uma solução perfeitamente ideal. Todas elas trarão lados bons e lados ruins. Cabe à família analisar com muito cuidado as suas opções, pesando prós e contras, e então tomar a melhor decisão para sua realidade.
Com o fim da licença maternidade da mãe, necessariamente há de ser tomada a decisão de quem ficará tomando conta do bebê. As quatro opções mais comuns são:
1 - A mãe ou o pai irá se afastar temporária ou permanentemente do mercado de trabalho para se dedicar aos cuidados da criança enquanto ela for muito pequena;
2 - A criança ficará com algum parente ou amigo da família, a título de “ajuda” (o mais comum é com uma avó);
3 - A criança irá ficar em casa com uma pessoa contratada para cuidá-la, a babá;
4 - A criança vai pra uma creche/escolinha onde existirão profissionais para cuidá-la.
Por um tempo imaginei que a opção 1 seria a melhor de todas, e cogitei pedir licença não remunerada do trabalho para ficar com o Nícolas em casa até que ele tivesse maiorzinho. Mas hoje já não considero mais essa uma boa decisão para nossa família. Depois pretendo escrever um post falando um pouco sobre isso. Mas, explicando resumidamente, percebi que tanto eu quanto o Nícolas estávamos bem cansados da rotina de ficar em casa, e foi muito bom para os dois termos vidas independentes (eu no trabalho e ele na creche). O tempo que passamos juntos passou a ser de muito mais qualidade.
Mas saindo do meu caso específico, de maneira geral essa opção pode ser muito arriscada para quem não tem um emprego estável, pois pode gerar uma dificuldade grande pra pessoa se reinserir no mercado de trabalho futuramente, e pode, sim, causar uma grande frustração profissional. Acredito que a vida familiar é, e deve sempre ser, a prioridade de uma pessoa. Mas a realização profissional é, também, muito importante, e não deve ser menosprezada. Por isso a pessoa deve estar muito segura caso faça a escolha de abrir mão de sua carreira para se dedicar exclusivamente à família. Claro que existe o lado delicioso desta opção, que é justamente criar um vínculo incrível com seu filho, e acompanhar seu crescimento bem de perto, estando sempre presente em cada conquista, cada aprendizado, cada degrauzinho que ele trilhar em direção à independência...
A opção 2 traz o benefício da certeza que seu filho estará cercado de carinho a todo momento, e também traz o benefício de não ser oneroso (normalmente as vovós não cobram nada para ficar com os netos, ou então cobram muito menos que uma creche ou babá). O grande problema dessa opção é que, uma vez que a criança vai ficar com a avó (ou outro parente), essa pessoa vai se ver no direito de educá-la da forma que achar correta. E se a forma de criar da avó não estiver alinhada à forma de educar do pais, isso pode se tornar um grande problema...
Eu nunca nem cogitei a opção 2 pro meu filho, justamente porque pretendo criá-lo de uma maneira diferente da que fui criada, e também não quero "pitacos" na forma que eu escolher de educá-lo. Tenho certeza que muitas coisas que acredito e pretendo ensinar (como ser vegano, por exemplo, e muitas outras coisas menos palpáveis), não seriam respeitadas caso eu optasse por deixá-lo com algum parente.
As opções 3 e 4 foram as que nos deixaram mais em dúvida. Vou tentar fazer uma relação dos prós e contras que eu vejo em cada uma delas:
Pontos positivos de deixar a criança com uma babá:
- O valor de contratar uma babá é mais baixo que uma mensalidade de creche de referência;
- O horário do bebê acordar fica mais flexível, pois nesse caso ele não teria hora pra sair de casa. Não haveria nenhum inconveniente de ele ainda estar dormindo quando a babá chegasse em casa (essa conveniência é especialmente importante pra quem tem horário rígido e cedo para entrar no trabalho, como é o nosso caso);
- O bebê não fica tão doente quanto ocorre com bebês que iniciam em creches, pois continua no seu ambiente de costume;
- Em caso de doença do bebê, a babá ficará com ele em casa normalmente, cuidando, e os pais não precisarão faltar o trabalho;
- Os pais tem alguém com quem o bebê é familiarizado para deixar durante a noite, caso desejem sair por opção ou por necessidade (desde que seja combinado com antecedência e pagos todos os direitos trabalhistas aos quais a babá faz jus, claro).
Pontos negativos de deixar a criança com uma babá:
- Nos dias que a babá não pode comparecer ao serviço (doenças, problemas pessoais, greve de ônibus, etc...) pode causar um transtorno enorme na rotina dos pais;
- Por mais confiança que se tenha na babá, sempre existe um risco em deixar uma criança sozinha com um adulto que não seja um dos pais, pois em caso de maus-tratos ou abuso, essa pode ser coagida a não contar nada;
- Por mais que seja uma relação profissional, ainda assim há algo de muito pessoal na relação entre a babá e o bebê, e ela vai, obviamente, cuidar e educar a criança de acordo com o que ela considera correto, e que não necessariamente é a forma que os pais consideram correto (como por exemplo, contar histórias para controlar a criança pelo medo, como "homem-do-saco", "bicho-papão", etc...). Por mais que os pais advirtam sobre a forma que querem que sua criança seja tratada, é quase impossível garantir que nada saíra diferente do que foi falado, principalmente porque muitas vezes a babá acha que está "fazendo o bem" pra criança desobedecendo os pais;
- E, ainda com relação ao anterior, muitas vezes a babá pode acabar ensinando a criança a mentir e esconder algo dos pais, mesmo que seja "sem maldade". Exemplo: autorizar a criança a comer algo, ou assistir algo na televisão, ou ficar sem tomar banho, e falar que "é nosso segredo, não pode contar pra mamãe e papai"... Pra mim isso é algo gravíssimo, não pelo fato em si, de a criança fazer algo que não é permitido pelos pais, mas sim por ensinar pra criança que ela pode, sim, ter segredo, já que ter segredo dos pais é o que torna uma criança em potencial vítima de abusadores...
- E, por fim, acho praticamente impossível uma babá cuidar de uma criança sem lançar mão de televisão, ou sem deixar a criança chorando presa no berço (ou no cercadinho) por algum momento. Alguma hora a babá terá que preparar uma refeição pra criança, então ou vai deixá-la na TV (ou tablet), ou vai deixá-la presa em um local seguro, muitas vezes aos prantos... E eu não gosto de nenhuma das duas opções, embora entenda que talvez seja quase impossível não fazê-las.
Pontos positivos de deixar a criança em uma creche:
- É muito pouco provável que aconteça um dia em que não haverá alguém na creche para ficar com a criança, exceto nos dias já planejados em calendário. Mesmo em situações não planejadas, como problemas pessoais de alguma profissional ou greve nos transportes públicos, a creche sempre vai ter uma segunda opção para não deixar os pais na mão;
- É muito menos arriscado que a criança sofra algum tipo de violência ou abuso quando está sob a responsabilidade de uma equipe do que de somente um adulto, pois no caso de mais de uma pessoa, uma está “vigiando” a outra constantemente;
- As creches seguem propostas pedagógicas, que orientam a forma como as crianças devem ser educadas e tratadas. Se os pais escolherem uma creche cujos valores são bem próximos aos que eles pretendem para a educação de seus filhos, terão a tranquilidade de saberem que o que a criança aprende em casa e fora de casa está alinhado (pelo menos em teoria);
- Para pais que não querem que a criança tenha acesso a eletrônicos e televisão (como é o nosso caso), basta escolher uma creche que não faça uso desses recursos.
- A alimentação na creche é elaborada por nutricionista; os alimentos são comprados e preparados por equipe própria, com controle de higiene. Pra nós, que realmente não gostamos muito de cozinhar, é algo maravilhoso ter quem prepare as refeições do Nícolas, com total qualidade.
Pontos negativos de deixar a criança em uma creche:
- A criança ficará doente frequentemente após entrar na creche, não tem como escapar. O contato com outras crianças e suas respectivas faunas bacterianas é agressivo para o sistema imunológico ainda imaturo dos bebês e crianças pequenas;
- E quando essas doenças ocorrem, a criança não poderá ir para a creche, e consequentemente um dos cuidadores terão que faltar o trabalho para ficar com ela em casa (a não ser que exista algum parente ou amigo que se possa contar nesses casos excepcionais – o que não é nosso caso).
- O horário de acordar e se arrumar da criança passa a ser mais rígido, pois, ao menos que os pais tenham flexibilidade no seu horário de entrada no trabalho, eles deverão levar a criança na creche para depois seguir com suas atividades diárias. No nosso caso, isso é bem crítico. Temos que deixar o Nícolas na creche pontualmente na hora que a creche abre, pois caso contrário, nos atrasamos para o trabalho.
- Não vai existir um cuidador com o qual o bebê esteja familiarizado, disponível para ficar com este durante a noite, caso os pais pretendam fazer algum programa de casal (algumas vezes os pais podem contar com alguém da família pra essas ocasiões, mas esse não é o nosso caso).
- O valor mensal de uma creche é mais alto que o salário de uma babá, pelo menos aqui na minha cidade.
Com tudo isso em mente, discutimos nossas opções, pesamos prós e contras, e por fim decidimos matricular o Nícolas em uma creche. Ia escrever nesse post, mas como ele acabou ficando imenso, vou deixar pra escrever em um post futuro tudo o que levamos em consideração na hora de escolher QUAL creche íamos matricular nosso filhote.
*edit: escrevi em Critérios para escolha da creche
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário