quarta-feira, 27 de junho de 2018

Gravidez e vaidade


Nunca fui muito vaidosa. Desde pequena nunca me interessei muito por maquiagens, roupas, sapatos e tudo que pertence a esse universo. Não quer dizer que eu não queira me sentir bonita, mas na verdade ‘me sentir bonita’ não é algo que realmente faça uma diferença grande na minha vida, então não costumo fazer grandes esforços nesse sentido. Durante algum tempo até tentei me forçar a manter as unhas feitas e a passar pelo menos um ‘batonzinho leve’ quando fosse sair de casa, mas ou eu esquecia, ou na hora que lembrava dava uma preguiça e eu pensava “ah, depois eu faço” e acabava não fazendo. Passado algum tempo percebi que eu estava criando uma obrigação pra mim mesma que mais me incomodava do que me trazia algum benefício, e finalmente me desobriguei disso.
Depois que conheci o feminismo, isso passou a fazer ainda mais sentido pra mim. Não acho de forma alguma errado que mulheres que realmente curtam esse universo se dediquem a se arrumar, maquiar e perfumar. Cada qual deve fazer o que lhe traz alegria. E a questão é exatamente essa: Dedicar um tempo excessivo a ficar bonita não é algo que me traz alegria. Prefiro gastar esse tempo fazendo outras coisas, nem que seja ficar deitada sem fazer nada. E não é porque sou mulher que sou obrigada a ser bonita (como a mídia e o mundo inteiro parecem querer nos fazer acreditar), então relaxei em relação a esse assunto. Me desfiz de todos os meus esmaltes, mantive poucas maquiagens (que uso somente quando estou com vontade, normalmente quando vou sair de noite para algum lugar especial), não me sinto mais obrigada a depilar minhas pernas e nem a manter meus cabelos lisos. E tô muito bem assim, obrigada.
Mas se tem algo que eu (ainda) me importo bastante é com relação aos benditos “quilinhos a mais”. Não sei se isso é algo realmente meu, de gostar de me manter em forma, imposição da mídia, ou um misto dos dois. Mas sei que fico realmente desconfortável quando me sinto mais 'cheinha' que o normal, e mesmo tentando descontruir essa obrigação interna de agradar visualmente ao mundo, me pego de tempos em tempos analisando meu corpo, e sempre penso que posso perder um pouquinho mais de gordurinha aqui ou ali... Mas também tento não criar uma neura em relação a essa desconstrução: se estar esbelta faz com que eu me sinta melhor, então não vejo nenhum pecado em tentar alcançar esse objetivo, desde que isso não interfira na minha saúde física ou psicológica.

Pois bem, no início da gravidez eu tive muitos enjôos. Não vomitava com frequência (somente algumas vezes), mas passava o dia todo com náuseas, e não tinha vontade de comer nada. Passei os primeiros meses a base de biscoito água e sal, tapioca recheada de tomate, maçãs e bananas. Só de pensar em qualquer outro tipo de comida meu estômago já revirava... E, claro, com uma dieta dessas e um bebê se desenvolvendo e sugando todos meus nutrientes e reservas de gorduras, comecei a emagrecer. E fiquei muito feliz por isso.
Depois, mesmo quando comecei a me alimentar melhor, minha barriga demorou bastante pra aparecer. Até o sexto mês eu precisava me esforçar pra perceber algum sinal de gravidez. E também estava gostando bastante disso. E imaginei (sabe-se lá porquê) que isso se manteria até o final da gravidez: barriga discreta, sem inchaços em nenhuma parte do corpo, sem aquele caminhar com as pernas abertas característico de gestantes... 
Mas assim que eu completei os 6 meses, tudo mudou de repente. Minha barriga começou a crescer em um ritmo impressionante, meu rosto inchou, meus braços também. Comecei a andar igual a um pinguim... E eu comecei a me achar muito, muito feia. Eu, que nunca tinha dado muita importância para aparência, comecei a ficar muito triste cada vez que me olhava no espelho. Não queria tirar nenhuma foto, e não estava curtindo esse momento de grávida.

E nesse momento pude ver como amigas são importantes, e como a união entre mulheres é poderosa. Conversei sobre isso com algumas amigas, e elas me fizeram tantos reforços positivos, falando como é lindo esse “momento grávida”, como grávidas têm essa aparência tão própria delas, como é um momento delicado e mágico na vida de uma mulher, que mudei totalmente minha percepção. Agora estou super feliz em estar visivelmente grávida. Estou amando minha barriga enorme, e fico admirando o tamanho no espelho. Estou me achando linda, mesmo com o rosto mais redondinho, e até a forma de andar não está mais me incomodando. Tirei várias fotos, e quero tirar mais, pra guardar de recordação desse momento tão único na minha vida. Estou curtindo demais estar grávida, e amando a sensação de cada movimento do bebê dentro de mim (até quando ele exagera e quase me machuca).

Esse post pode parecer meio melodramático, mas acho que esse é mais uma das características dessa fase da vida de uma mulher: qualquer pequena coisinha ganha um peso enorme, e o drama é inevitável. E agora até isso estou curtindo! 


E já que estou me sentindo linda, resolvi colocar algumas fotos pra mostrar... rsrsrs

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