sábado, 8 de maio de 2021

É mais fácil cuidar de menino que menina (?!?!)

Eu ouvi muito isso quando Nícolas era novinho. A pessoa vinha perguntar se ele era menino ou menina, e quando ouvia a respota, dizia "ah, que bom, menino dá bem menos trabalho".

Acredito que a partir de determinada idade, criar um menino ou uma menina são realmente coisas diferentes. Isso porque a sociedade impõe papéis bem específicos para cada um dos sexos, e lidar com a desconstrução desses papéis exige ações diferentes. Então, por exemplo, há de se estar muito mais atento a questões associadas com alimentação saudável e magreza extrema quando se tem uma menina do que um menino, já que a cobrança que a menina irá sentir para que se adeque a padrões de beleza irreais, desde muito nova, é muito maior do que um menino. Da mesma forma, há de se estar muito mais atento a questões ligadas a violência e masculinidade tóxica quando se cria um menino, pois ele vai estar muito mais exposto a esse tipo de situação. Não sei dizer qual dos dois é mais difícil, mas certamente os desafios a serem enfrentados quando se está criando uma menina ou um menino são deiferentes.

Mas quando as pessoas fazem esse tipo de comentário, não estão se referindo a questões associadas a educação de crianças maiores ou adolescentes, e sim falando sobre criar bebês mesmo. Segundo a lógica, criar um bebê menino é muito mais fácil que uma bebê menina porque não exige lacinhos, babadinhos, vestidinhos, brinquinhos, perfuminhos e enfeitinhos diversos. E aí eu tenho que me controlar pra dar um sorrisinho amarelo e dizer "é mesmo, né?", quando na verdade minha vontade é dizer: "As necessidades de todos os bebês são exatamente as mesmas: leite e colo. Quem inventa que precisa super-caracterizar as bebês, de forma que elas fiquem quase imóveis com aquele tanto de babado e renda, a ponto de não sobrar dúvida alguma que se trata de uma menina, é que está criando trabalho para si próprio."

Não acho errado quem queira enfeitar suas bebês (desde que dentro de um limite que não se torne desconfortável ou até mesmo perigoso para ela). Mas de fato não é algo necessário. É algo que a pessoa deve fazer por prazer, se quiser fazer. Se não quiser, basta colocar uma fralda e uma roupinha simples, tal qual faria com um bebê menino, e está tudo certo.

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