quarta-feira, 23 de abril de 2025

O que AMAMOS na escola antiga

Contei aqui como foi que escolhi a primeira escola que nossos filhos frequentaram, a Mafa. Como no ano passado o Nícolas concluiu o ciclo de educação infantil e infelizmente a Mafa não oferece ensino fundamental, tivemos que mudar de escola (mas felizmente encontramos uma nova escola maravilhosa).

Mas independente do tempo que passar, a Mafa vai ter sempre um lugar especial guardado no meu coração. Além de ter sido a primeira escolinha do meu primeiro filho, onde eu me senti muito acolhida e muito segura que meu menino (e posteriormente meu segundo menino) estava bem acolhido, na Mafa também conhecemos pessoas fantásticas - professores e pais de amiguinhos das crianças - com quem desejamos manter amizade de longo prazo.

E para ficar registrado aqui, vou enumerar todos os motivos (que eu lembrar) que me faz amar a Mafa, sejam eles de natureza prática para os pais, sejam eles de natureza mais emocional e filosófica, referente ao bem estar dos pequenos.

1 - A Mafa não emenda feriados, nunca. Isso é ótimo para os pais que nem sempre emendam feriado em seus trabalhos, e ótimo também para os que emendam, mas que merecem uma vez ou outra ter um dia de descanso de verdade (passar os dias com os filhos é maravilhoso, mas é tudo menos descanso).

2 - Das escolas próximas, a Mafa é a que tem férias mais curtas. Novamente, um alívio para os pais que só tem 1 mês de férias no trabalho e não têm rede de apoio além da escola para ficar com as crianças. 

3 - A Mafa tem horários flexíveis. A escola fica aberta de 7h30 às 19h30. Dentro desse período, os pais escolhem o "pacote" (número de horas diárias) que pretendem deixar as crianças lá, e escolhem o horário de chegada e saída. Essa medida é muito interessante, pois além de facilitar demais a rotina dos pais, também garante que sempre vai ter algum pai circulando pela escola, e de olho no que está acontecendo ali.

4 - A Mafa tem refeições maravilhosamente saudáveis. Existe uma nutricionista contratada que passa o dia todo na Mafa, e orienta e acompanha o preparo de todas as refeições. As verduras e legumes são orgânicos, comprados diretamente de uma família produtora da região, que entrega diretamente na escola (e vende o que sobra, usando as instalações da escola pra isso). Todos os lanches são elaborados na própria escola, com receitinhas saudáveis de carboidratos, sempre sem açúcar.

5 - A alimentação da Mafa é facilmente transformada em vegana. Nada na Mafa leva leite de vaca, uma vez que a nutricionista não considera leite de vaca alimento indicado para consumo humano. E nenhuma receitinha leva ovos, já que é um alimento alergênico. Então para "veganizar" qualquer refeição, basta não servir a dose de proteína animal nas refeições principais (almoço e jantar), e todo o resto já é naturalmente vegano. Pra nossa família isso era especialmente importante, pois era muito mais confortável pros meninos comer praticamente tudo igual aos coleguinhas (exceto uma opção por dia)

6 - É proibido levar comida de fora pra dentro da escola. TUDO o que as crianças comem é preparado na escola, e se for necessário alguma adaptação, a escola é quem irá fazer. Isso evita que entre qualquer tipo de porcaria na escola, e que as crianças tenham contato a alimentos não saudáveis através dos amigos. Certamente esse foi um dos motivos que nos permitiu manter os meninos tão longe de porcarias por tanto tempo. Não existe exceção, nem pra "festinhas de aniversário" comemoradas na escola, ou qualquer outra data.

7 - O espaço físico da Mafa é incrivelmente maravilhoso. Tem um gramado enorme com árvores, passarinhos, joaninhas, uma horta maior do que o pátio inteiro de muita escola, galinheiro (e as galinhas andam soltas pela escola em grande parte do tempo), coelhas. Tem brinquedos de escalar, parque de areia.

8 - Não existe sala de aula! Não existem carteirinhas alinhadas com quadro negro à frente. As atividades desenvolvidas pelos educadores são propostas de forma dinâmica e interessante, onde as crianças sempre são as protagonistas e têm total liberdade para agir.

9 - Existem muitas "aulas extras" interessantes, como culinária, arte mateira, musicalização, ioga, capoeira, jardinagem, etc... As crianças são convidadas a participar (e quase sempre topam), mas nunca são obrigadas.

10 - Não existe dever de casa, não existe prova. A escola não adota livros didáticos.

11 - Não existe lista de material escolar - todo material utilizado nas atividades é fornecido pela escola, e geralmente são materiais alternativos (argila, folhas secas, sementes, carvão, etc)

12 - A escola é abertamente contra todas as formas de preconceito (racismo, homofobia, machismo, capacitismo), e transmite às crianças esses valores de maneira natural. Por exemplo, teve um ano que as crianças da turma do Nícolas trabalharam um livrinho que falava sobre deuses africanos, orixás, etc.

13 - Não existe divisão de atividades entre "masculinas" e "femininas": meninos participam da culinária, meninas participam da capoeira. Meninos também fazem atividades de "ar banho na boneca", ou "colocar a boneca pra dormir", bem como meninas também brincam com caminhões, carrinhos, tratores. Inclusive quando vão brincar com fantasias ou de teatro, todos podem usar as fantasias que melhor lhes convier no momento (já vi o Nícolas fantasiado de chapeuzinho vermelho ou usando saia de tule, sem causar nenhuma estranheza. Assim como já vi meninas fantasiadas de heróis)

14 - Não se comemora festa do dia dos pais ou do dia das mães; em respeito à toda gama de famílias, existem as "festas da família", onde todas elas são bem vindas e incluídas em suas diferentes configurações.

15 - Não acontece apresentações de crianças. Nunca! Eu acho isso esplêndido, pois não mando meus filhos pra escola para serem treinados tal qual macaquinhos circenses.

16 - As crianças podem subir nas árvores!!

17 - As crianças podem andar na chuva com suas capinhas e galochas!!

18 - As crianças podem (e devem) brincar na lama!!

19 - As crianças podem correr atrás das galinhas (e pegar no colo, se conseguirem).

20 - As crianças são livres para serem crianças e para se desenvolverem naturalmente. As ações das crianças nunca são vistas como "maldade" ou "bagunça" - há o entendimento que a criança está se desenvolvendo e treinando habilidades, e a regulação emocional é uma dessas habilidades. Quando uma criança se desregula, os adultos cuidadores devem mantê-la em segurança, e devem ajudá-la a retomar a sua calma. Em outras palavras: a escola não espera que as crianças tenham a maturidade de um adulto.

21 - Como a escola é "alternativa", acaba que a maioria das crianças que estão ali são filhas de pais que buscam uma educação "alternativa". Assim, a grande maioria das crianças são tratadas de maneira respeitosa e afetuosa por suas famílias (sem agressões, sem humilhações), e por isso mesmo são crianças mais gentis, carinhosas e amáveis do que a maioria das crianças da mesma idade.

22 - De maneira geral, os pais das outras crianças são pessoas bastante bacanas. Fizemos amizade com boa parte deles, e continuamos mantendo contato, mesmo agora que estamos com os filhos em escolas diferentes.

23 - As crianças podem circular pela escola livremente: a escola pertence a elas!

24 - Não existe nenhum espaço em que as crianças fiquem presas: berços, cercadinhos, cadeirinhas, carrinhos... mesmo os bebês são livres o tempo inteiro.

25 - As crianças são muito, muito, muito felizes nessa escola. Existe brilho em cada olhar!


* Esse post vai aumentar sempre, à medida que eu for me lembrando de mais e mais motivos para amar a Mafa (e são muitos).


terça-feira, 22 de abril de 2025

Estados Físicos da Matéria

Minha colega de trabalho tem uma filha que é 2 ou 3 anos mais velha que o Nícolas. Ela estuda em uma escola normal (tradicional) aqui da nossa cidade: particular, religiosa, mas que não é nem a melhor nem a pior da cidade; nem a mais cara nem a mais barata; nem a mais religiosa, nem a menos religiosa; enfim, é uma escola absolutamente "normal".

Há 2 ou 3 anos, quando a menina estava no primeiro ano, essa colega chegou no trabalho contando que a menina estava ansiosa e chorando porque teria uma prova na escola. O assunto da prova seria "estados físicos da matéria", e a menina estava realmente preocupada, pois apesar de saber exatamente quais eram os estados físicos da matéria e saber diferenciá-los, ela estava com medo da prova. Minha colega apresentava um misto de sentimentos (parecia que estava achando engraçado, mas ao mesmo tempo estava desdenhando do sentimento da filha e com uma certa raiva pelo "exagero" na reação da menina).

Eu, por minha vez, senti muita pena da garota, pois realmente não conseguia ver (e ainda não consigo) qual é a vantagem em fazer uma criança passar por esse tipo de situação. 

Pois bem, esse ano o Nícolas entrou no primeiro ano, em uma escola Montessori (para minha grande alegria). E ele já teve uma "aula" sobre estados físicos da matéria. A aula consistiu em: a professora levou 3 balões. Um deles estava cheio de ar, outro estava cheio de água (líquida) e o terceiro estava com água congelada. A professora deixou as crianças (que estavam todas sentadas em uma roda) manipularem os 3 balões pra sentirem as diferenças. Depois ela estourou os 3, para que as crianças observassem o que aconteceria com seus conteúdos. E assim todas elas aprenderam, de forma leve, divertida e muito clara, quais são os estados físicos da matéria e as diferenças entre eles. Sem necessidade alguma de uma avaliação formal - a professora sabe que todos compreenderam, e caso alguém não tivesse compreendido isso não seria um problema: ela certamente iria elaborar alguma outra atividade para a criança que não compreendeu. Sem choro, sem ansiedade.

A escolha da nova escola


Como eu falei no post anterior, após algumas visitas frustradas a algumas escolas da nossa cidade, encontrei por acaso o instagram de uma escola que, ao menos aparentemente, era exatamente o que eu estava buscando (era uma escola Montessori de verdade). Mas ela era realmente longe de nossa casa.  

Antes dessa, eu já havia 'ouvido falar' de outras duas escolas também distantes de nossa casa, com propostas pedagógicas interessantes. Mas justamente por entender que a distância iria impossibilitar (ou dificultar demais) que eu matriculasse o Nícolas em uma delas, resolvi nem visitá-las, pois ver uma escola bacana e saber que eu não poderia colocar meu filho lá, me deixaria triste.

Mas, mesmo sendo ainda mais longe que as outras duas, eu quis muito ir conhecer essa escola em específico. Isso porque as outras duas pareciam ter propostas interessantes, mas essa era muito mais que isso: ela parecia ser exatamente o que eu queria que uma escola fosse para meu filho, e eu não queria deixar de ir conferir se realmente era tudo isso, e tentar ajustar nossa rotina de alguma maneira para que o Nícolas pudesse ir pra lá. Troquei mensagem com os donos da escola, e descobri que, além de ser distante de nossa casa, ela também não oferecia turno integral (o que pra nós era uma necessidade real) e também não oferecia almoço, já que não tinha turno integral. Mas mesmo existindo vários obstáculos e eu já achando que seria impossível conciliar tudo, eu fui visitar a escola.

Fui sozinha, já que a essa altura o marido estava fazendo um curso em Salvador. E presencialmente me encantei ainda mais. Além da escola em si e da proposta pedagógica, também gostei muito mesmo dos donos (a dona é também diretora), que apresentaram a escola para mim, e de toda a história do seu surgimento (em resumo, eles decidiram abrir a escola para seu filho, já que não gostaram de nenhuma escola que conheceram na cidade). 

E em meio a tantas dificuldades para fazer dar certo com essa escola, uma notícia me animou bastante: o valor da mensalidade era bem mais baixo do que as escolas que ficam no nosso bairro. E eu me agarrei a essa informação, e já comecei a fazer contas para ver se essa diferença de preço seria suficiente para que eu pudesse de alguma maneira contratar serviços que fizessem essa minha vontade de matricular o Nícolas lá desse certo. E deu!!! 

Mas para ser possível, tivemos que tomar a decisão de trocar ambos os filhos de escola. Inicialmente não queríamos mesmo tirar o Vinícius da Mafa (que amamos e estávamos tão acostumados), mas seria impossível mantê-los em escolas tão distantes entre si, além de que para que financeiramente fosse possível pagar pela "estrutura" necessária, precisávamos que ambos fossem pra escola cuja mensalidade é mais barata. 

A partir daí, o que fizemos foi: 
- primeiro, já que a nova escola não tem período integral, matriculamos nossos filhos regularmente em ambos os turnos. Como ela segue a pedagogia Montessori, não ocorrem aulas no modelo "professor discursando à frente da turma sobre um tema preestabelecido", então ficar dois períodos não implica necessariamente em realizar atividades repetidas. 
- em segundo lugar, trocamos a diarista que ia nossa casa fazer faxina duas vezes na semana por uma funcionária mensalista, que além de limpar e organizar a casa, também cozinha, deixando o jantar e o almoço pronto para os meninos todos os dias. Assim, já que a escola não fornece almoço para as crianças, eles levam almoço preparado de casa e uma funcionária da escola os acompanha durante a refeição.
- e por último, contratamos uma pessoa para levá-los para a escola todos os dias (eu busco), já que pela distância e horários de início das aulas e nossa entrada no trabalho, ficaria bem complicado para nós os levarmos. 

Confesso que fiquei receosa e bastante ansiosa com todas as mudanças que precisaríamos fazer na nossa rotina para que fosse possível matricular os meninos nessa escola. Mas deu muito certo! Estou bem satisfeita (mesmo) com essa decisão! A escola está sendo maravilhosa para eles, e eu não me arrependo de forma alguma por ter feito essa escolha!


Ps.: quando decidimos colocar os meninos nessa escola e organizamos toda a logística necessária, eu realmente achava que isso iria nos sobrecarregar, mas que valeria a pena pela qualidade da escola.
Mas a grande verdade é que, além de não nos sobrecarregar, ainda nos ajudou. O tempo que eu passo dirigindo hoje é o mesmo tempo que eu gastava no ano passado. A diferença é que antes eu ia duas vezes (ida pra escola de manhã e volta pra casa de tarde) e hoje eu vou apenas uma vez (volta pra casa). E aproveito esse tempo em que estou sozinha, indo para a escola, e vou sempre ouvindo alguma aula da pós-graduação (em Montessori) que estou fazendo. Como bônus extra, agora temos tempo pela manhã para fazermos algo (eu levo as cachorras pra passear e o marido faz uma corrida na quadra), antes do trabalho. E ainda quando chegamos em casa, ela está sempre arrumada e limpa, e com jantar pronto para os meninos.
A mudança, que eu imaginava que fosse ser benéfica apenas para as crianças, acabou sendo ótima para todos nós.

quinta-feira, 17 de abril de 2025

Em busca de uma nova escola

Em meados de 2024 comecei a ir conhecer escolas com ensino fundamental, na tentativa de encontrar uma nova escola para o Nícolas. A intenção era encontrar uma escola bacana que ficasse próximo à Mafa, de modo que ficasse fácil mantermos cada filho em um lugar (já que não era nossa intenção de forma alguma trocar o Vinícius de escola também - amamos a Mafa).

Na realidade eu já estava relativamente tranquila quanto a este assunto, pois eu já sabia da existência de uma "escola Montessori" (MS) que fica bem próxima à Mafa, então eu já estava quase certa que essa seria a nova escola do Nícolas. Eu já tinha ouvido falar bem dela, e só de ser "Montessori" já preenchia mais da  metade dos meus requisitos para a nova escola...
Mas então no dia que nós (eu, marido e mais dois casais amigos nossos, pais das duas amiguinhas preferidas do Nícolas - criamos um grupo para trocarmos opiniões sobre as escolas e fazermos visitas juntos, na tentativa de mantermos as crianças juntas) fomos visitar essa escola MS, fiquei muito decepcionada com o que vi...

Primeiramente, não gostei da estrutura física. Por fora eu já via que a escola era pequena, mas isso não significa necessariamente um problema... o problema era que a estrutura era confusa, como se os prédios tivessem sido construídos aos poucos, no estilo "puxadinho" (e provavelmente foi isso), com salas e corredores escuros, e sem nenhum espaço verde... Mas isso por si só não foi o maior problema - na realidade, se fosse só isso, certamente eu relevaria.
Além da estrutura física, a comida servida aos alunos (que pra mim é um ponto bem importante) também não agradou. Na realidade, a escola não controla o que vai ser servido para as crianças: existe uma cantina lá dentro, terceirizada, e é a cantina quem decide e prepara as refeições. Eu havia entrado no cardápio on line e verifiquei que, apesar de haver uma "nutricionista responsável", dois dias na mesma semana havia sido incluído batata-palha no almoço das crianças!! Os lanches também eram bem ruinzinhos, e incluíam biscoitos industrializados, bisnaguinhas, iogurtes saborizados, embutidos, etc (não era uma comida péssima, mas considerando que há uma nutricionista controlando, e pagaríamos caro por ela, é bem ruim, sim). Mas se a escola fosse o que eu esperava em relação ao método montessori, provavelmente até isso eu relevaria (ou daria um jeito de mandar comida diariamente para que o Nícolas não consumisse a comida da escola).
A grande decepção mesmo foi com o "método Montessori" que eles prometiam (estampado em um grande mural na frente da escola), que de Montessori não tinha nada...
Percebi isso logo que fui olhar as salas de aula: quadro negro na frente com mesinhas e cadeiras alinhados, como qualquer escola tradicional é... Foi um nó na garganta, já que eu estava sonhando que veria aquelas salas lindas, com tapetinhos espalhados pelo chão e vários materiais montessori para as crianças trabalharem.
Para não dizer que eu detestei tudo, na realidade eu gostei da forma como a coordenadora falava das crianças e como a escola lidava com conflitos entre crianças: me pareceu realmente muito respeitoso e amável, seguindo uma "filosofia montessori" na forma de tratar as crianças. Mas o que eles chamam de "método Montessori" se resume aos primeiros 45min de "atividades livres com materiais montessori" que são interrompidos assim que a hora da "aula formal - bem tradicional" se inicia.

Depois dessa visita fiquei muito chateada e muito, muito angustiada. Eu estava tão certa que essa seria a escola que Nícolas iria (e futuramente o Vinícius), que nem tinha pensado em outras opções. Mas definitivamente não era isso que eu estava buscando, e apesar do marido achar a escola ok (e essa foi a escola eleita pelos pais de uma das melhores amigas), eu não consegui sentir paz ao pensar em colocar o Nícolas lá dentro.

E aí fui conhecer outras. Conheci uma que segue a logosofia e adorei o espaço interno dela e também as refeições, mas ainda não era o que eu buscava (uma escola sem crianças sentadas à mesa ouvindo professores ministrando aulas). Conheci uma escola bilíngue de verdade, com "método canadense de ensino", mas me assustei com o fato de que a escola parecia um grande shopping center, e pensar em deixar meu filho ali dentro, sem ver a luz do sol em nenhum momento - nem mesmo na hora do recreio - me deu um pânico. Por fim conheci outra escola que inclusive se chama Maria Montessori (e é bem grande e tradicional na cidade), mas o que acontece ali não é exatamente Montessori e sim uma "mescla bem bolada" entre Montessori e o tradicional, além de ser religiosa. 

Outras escolas ainda estavam na minha lista para serem visitadas, mas em uma busca meio desesperada pelo google, digitando "escola montessori" e o nome da nossa cidade, acabei caindo por acaso no instagram de uma escolinha LINDA e foi amor à primeira vista. Ela era longe (muito longe) da nossa casa, não oferecia período integral nem almoço (o que pra nós é uma necessidade real), mas mesmo assim eu resolvi ir visitá-la. E é lá que os meninos estão estudando hoje, mas vou falar sobre ela no próximo post.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

Quando Vinícius conheceu o mar

Como eu falei aqui, meu marido foi fazer um curso a trabalho no qual ele teria que passar 3 meses em outra cidade. Depois de pensarmos em algumas possibilidades, decidimos que ele iria viajar para nossa cidade todos os finais de semana, para que os meninos não sentissem tanto sua ausência, e também para que eu tivesse um momento pra descansar (a semana inteira sozinha cuidando das 2 crianças já ia me cansar o suficiente). Então já no início do ano de 2024, tendo o calendário do curso em mãos, fizemos as compras de todas as passagens.

Mas como o curso seria na cidade de Salvador, resolvemos que, em um final de semana que teríamos "feriado prolongado", ao invés de ele vir a B(...), nós é quem iríamos até Salvador. Então de 22 a 25 de agosto eu e os meninos (e também minha irmã resolveu ir junto) viajamos para Salvador, e encontramos o Eduardo lá.

Tivemos, na realidade, apenas 2 dias completos de passeio, considerando que 22 chegamos de tarde e 25 viajamos de manhã (mas tanto 22 de tarde quanto 25 de manhã curtimos a piscina do hotel, com uma linda vista). Mas mesmo assim foi muito bacana. Ficamos em um hotel da Aeronáutica, muito bem localizado e com preço de diária bem acessível, e fizemos dois passeios legais: no primeiro dia fomos visitar o Projeto Tamar na Praia do Forte, e no segundo dia fizemos um passeio de barco à Ilha do Frade. 

O Vinícius nunca tinha ido ao mar antes; foi sua primeira vez em águas salgadas. Nícolas já tinha ido, quando tinha 3 meses de idade, e novamente 1 ano depois, mas obviamente não se lembrava. Nem preciso dizer que ficaram maravilhados!

3 meses de mãe-solo


Em 2022 Eduardo se inscreveu para fazer um curso (pós-graduação) oferecido pelo seu trabalho, que consistiria de aulas on-line 1 vez por semana durante 1 ano (em 2023), e posteriormente aulas presenciais, em outra cidade, durante 3 meses no ano seguinte (2024).

As aulas on-line aconteciam durante as noites de quarta-feira; começavam exatamente no horário que normalmente os meninos saíam da escola, 19h00, e se estendiam por todo o período de preparação pra dormirem, até 21h00. Como o Vinícius ainda era bem novinho (1a7m quando o curso iniciou), ficaria difícil para mim cuidar de ambos sozinha, já que eu deixaria o Vinícius sem supervisão durante os momentos em que estivesse cuidando do Nícolas. Então combinei com a minha irmã, e ela me auxiliou durante as noites de quarta-feira por todo o ano.

Durante esse período, testamos rotinas diferentes. A primeira tentativa de rotina foi eu buscar somente o Vinícius mais cedo na escola, às 18h00, e cuidar apenas dele (banho, jantar e colocar pra dormir). Depois, às 19h00, minha irmã buscaria apenas o Nícolas e o traria pra casa também. Com o Vinícius já dormindo, eu poderia dar a atenção necessária ao Nícolas. Tentamos algumas vezes dessa forma, mas a rotina não deu certo por um motivo: O Vinícius nunca dormiu antes do Nícolas chegar. Na realidade, normalmente o Nícolas sempre dorme antes do Vinícius, desde sempre e até hoje.
Então mudamos a estratégia. Passei a buscar ambos no horário normal (19h00), e minha irmã vinha pra minha casa me ajudar. Enquanto eu dava banho em um, ela fazia companhia para o outro, dava o jantar, etc... Algumas vezes também eu busquei os dois e fui pra casa dela, dei jantar e banho lá mesmo (ela me auxiliando da mesma forma), e depois já levei os dois dormindo no carro pra casa. E assim passou o ano de 2023.

Mas desde o momento em que o marido iniciou esse curso, o que me preocupava bastante eram os 3 meses que eu passaria sozinha com os meninos... Cheguei inclusive a, no final de 2023, combinar com uma pessoa (Therezinha, que já trabalhou na minha família por muitos anos) para trabalhar como mensalista em nossa casa, já planejando que durante esses três meses ela iria ficar direto comigo, dormindo durante a semana na minha casa, de forma a me ajudar com as meninos na rotina da noite e também da manhã. Já estava tudo acertado, mas infelizmente em cima da hora ela me deixou na mão - o que me chateou e angustiou bastante...

Pensei ainda em outras soluções, como contratar babá folguista (que cobra por hora) para me ajudar somente nesses momentos - final da noite e início da manhã - cogitei pedir pra minha sogra ficar comigo em casa durante esses 3 meses, e também pensei em contratar alguém pra passar os finais de semana em casa comigo.
Então, depois de ponderar bastante, decidimos o seguinte: o dinheiro que gastaríamos com alguma profissional para me auxiliar nos cuidados com os meninos, iríamos gastar com passagens aéreas, de forma que o Eduardo viesse todos os finais de semana para casa (e assim, pelo menos aos finais de semana, eu teria apoio). E durante a semana eu ficaria sozinha com os meninos. 

Ainda assim, fiquei bastante apreensiva em como seria essa rotina sozinha com os meninos durante a semana, principalmente no período da manhã, já que eu não poderia ficar chegando rotineiramente atrasada no trabalho. Mas para minha grande surpresa, foi muito mais tranquilo do que eu esperava. Diferente do ano anterior, quando o Vinícius estava pequenininho, nos meses que o marido viajou (de agosto a outubro de 2024), Vinícius já estava com 3 anos e Nícolas estava com quase 6. Isso fez bastante diferença. 

Foi um período cansativo para mim, principalmente porque exatamente nessa época o Nícolas começou a fazer fisioterapia e fonoterapia, além das aulas de violino, e eu estava sozinha para levá-lo a todos esses compromissos. Mas a rotina fluiu super bem durante todo o período, tanto de noite quanto de manhã. Ter o marido em casa aos finais de semana também fez toda a diferença, pois quando ele chegava eu deixava a maior parte dos cuidados dos meninos com ele, e tentava descansar um pouco da semana desgastante. 

Mas como conclusão deste período, foi muito bom perceber que, apesar de ser bastante exaustivo, sim, eu consigo cuidar sozinha dos meus 2 filhos. Isso me empoderou enquanto mãe.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

Férias agitadas

Desde que o Nícolas nasceu, eu e o marido nunca tiramos os 30 dias de férias ao mesmo tempo, já que as férias escolares são sempre maiores que as férias do trabalhador, então nos revezamos pra ficar com os meninos. Mas dessa vez, por acaso, acabamos tirando os 30 dias juntos (por acaso porque íamos revezar, mas por necessidade do trabalho o marido trocou as férias, e acabou ficando nos mesmos dias das minhas). Então aproveitamos para fazer duas viagens, uma no início e outra no final das férias, além de uma mudança no meio das duas.

A primeira viagem foi pra praia, na cidade que meus pais têm um apartamento. Eu costumava passar férias lá todos os anos quando era criança e adolescente, então tenho ótimas lembranças e me sinto muito em casa (apesar de a cidade ter crescido demais e nem parecer mais a mesma da minha infância). Nós já havíamos ido pra lá com o Nícolas 2 vezes, quando ele tinha 3 meses e um ano depois 

(ou seja, fazia 5 anos que não íamos lá), mas claro que ele não se lembrava. O Vinícius ainda não tinha ido a I(...), foi sua primeira vez. Na realidade, tem poucos meses que o Vinícius conheceu o mar pela primeira vez, quando viajamos pra Salvador em agosto.

Pegamos um período ótimo, de muito sol e praia gostosa. Os meninos amaram!! Passamos ao todo 14 dias lá, incluindo o reveillon. Também foram ficar no apartamento conosco meus sogros, minha cunhada com o marido e o filho, e a filha mais velha do meu marido, levando o cachorro. Ficou apertado, mas foi bom, porque como moramos longe, já tinha 1 ano que eles não viam os meninos.

Na volta eu vim com os meninos de avião enquanto o marido veio de carro com seus pais e o sobrinho, por dois motivos: Primeiro, para ajudar os meus pais, já que o carro deles estava lá há quase 1 ano (eles foram de carro mas tiveram que voltar de avião, por causa de uma emergência médica com minha mãe), e segundo, para realizar um sonho antigo da minha sogra de visitar o Santuário de Aparecida (passaram por lá no caminho pra nossa cidade). Eu cheguei em B(...) em um sábado, e na segunda a empresa de mudança chegou na nossa casa para começar a embalar as coisas. Como eu estava sozinha com os meninos e não estava me sentindo muito bem (por causa da gravidez), foram dias muito cansativos pra mim até o marido chegar de carro (na segunda de noite), mas ficou tudo bem.

A segunda viagem durou apenas 4 dias, e fomos a uma cidade com fontes termais que fica próxima à nossa. Sendo muito honesta, eu pensei várias vezes em desistir dessa viagem, pois eu estava realmente esgotada da primeira viagem e mudança (e com visitas em casa o tempo todo), e só queria curtir um pouco de sossego bem como aproveitar pra tentar organizar um pouco o caos pós-mudança que nosso apartamento estava. Mas havíamos marcado a viagem com amigos tão bacanas (pais de coleguinhas do Nícolas da escola, com quem acabamos formando uma amizade gostosa), e as crianças também estavam ansiosas e empolgadas para essa viagem junto aos amigos (além dos nossos, foram mais 4 amigos), que resolvi fazer um esforço final e ir manter a programação. Passei mal (vômitos chatos) em determinados momentos, e foi meio difícil pra me alimentar lá - achar comida vegana em cidade pequena é tão difícil - mas ainda bem que não desisti de ir. A viagem foi muito, muito legal, os meninos curtiram muito, e nós também (apesar do meu desconforto). 

Agora as férias acabaram, e eu sinto que preciso descansar das férias... rsrsrs
Mas acho que esse sentimento é que mostra que valeu a pena. O cansaço passa, mas as memórias ficarão pra sempre conosco.