Com o Nícolas, em seus poucos 10 meses de vida, já passamos por algumas situações assim. Como, por exemplo, no dia que dividi em um grupo de whatsapp uma foto dele brincando em um parquinho com uma menininha, e me perguntaram se ele estava "paquerando" a menina. Claro que não estava, ele é um bebê e nem tem ideia do que seja paquerar. E eu sei que a pessoa que fez a pergunta também tinha certeza que ele não estava paquerando, e fez somente de "brincadeirinha".
Mas a questão é: se fosse um menino que estivesse brincando com o Nícolas, tenho certeza absoluta que a pessoa não faria a brincadeira, porque não passaria pela cabeça dela, em momento nenhum, que o Nícolas pudesse paquerar um menino, nunca! E aí está a heteronormatividade.
E por que isso é ruim? Porque, independente da orientação sexual dele, ser criado em um ambiente heteronormativo pode trazer consequências que não são bem-vindas.
Caso ele seja heterossexual, crescer com a ideia de que o "normal" é ser hétero e todo resto é "anormal" pode despertar nele o sentimento de que heterossexuais são de alguma forma "superiores" aos demais, e ele se tornar uma pessoa homofóbica.
E caso ele não seja heterossexual, pode fazer com que ele nutra de alguma forma um sentimento de que ele é uma decepção para a família, para os amigos, para o mundo, já que sempre foi "esperado" que ele fosse heterossexual...
E nenhum dos dois casos eu desejo pro meu menininho. Se ele se descobrir hétero, espero que saiba que isso é só mais uma característica dele, que não o torna superior a ninguém que seja diferente dele nesse aspecto. E se ele se descobrir com alguma outra orientação sexual que não hétero, espero que ele saiba que isso é só mais uma característica dele, que não o torna, de forma alguma, inferior a ninguém que seja diferente dele nesse aspecto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário