sexta-feira, 28 de junho de 2019
Não foi nada?!?!
Nícolas já engatinha com maestria, e agora ensaia os primeiros movimentos para andar. Sempre que tem oportunidade, se agarra onde pode e fica de pé. E, claro, não é raro bater com a cabeça em uma quina (apesar de termos protegido tanto quanto possível o ambiente),se desequilibrar ou tropeçar e cair no chão... Faz parte do processo de aprendizagem, mas nem por isso deixa de doer... E ele chora, claro.
Com a melhor das intenções, a maioria das pessoas dizem para ele "não foi nada" ou "já passou", para que ele pare de chorar. Mas... peraí!!! Como assim não foi nada?? Claro que foi!! Bater a cabeça em uma quina ou no chão, dói, ora bolas!! Foi alguma coisa sim!! E só quem sabe se já passou ou não é ele. E se ele está chorando, provavelmente a dor (ou o susto, ou ambos) ainda não passou...
Eu sei que essas frases saem de maneira automática da boca de um adulto que tenta consolar uma criança, e a intenção é fazê-la justamente parar de chorar e sofrer... Mas se formos parar pra pensar, será que são realmente a melhor coisa a se dizer para uma criança que está sofrendo?
Se fosse um adulto chorando - porque perdeu o emprego, foi deixado(a) pelo(a) namorado(a)/marido(a), bateu o carro, faleceu algum ente querido, ou qualquer outro motivo - soaria um tanto quanto insensível dizer "isso não foi nada", ou "não precisa mais chorar, já passou"...
Por que então fazemos isso com as crianças? Por que minimizamos e desacreditamos seu sofrimento? Para nós pode até ser algo pequeno (normalmente adultos não choram quando sentem dor, a não ser que seja uma dor realmente insuportável), mas para uma criança é algo sério, e devemos tratar como tal.
Eu sempre tento conter esse impulso de dizer "não foi nada" (que surge naturalmente, de tanto que ouvimos quando nós éramos a criança), e substituir por "Filho, você bateu a cabeça, né? A mamãe viu, eu sei que doeu. Vem aqui no meu colo, vou te dar um beijinho pra ajudar a sarar. Pode chorar, fica aqui com a mamãe e vamos esperar melhorar. Vai passar". Acho essa uma forma muito mais respeitosa de lidar com a dor da criança, demonstrando empatia e ajudando ela a entender que, sim, doeu, mas, sim, a dor não será para sempre.
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