quinta-feira, 7 de março de 2019
Dia da Mulher e Maternidade
Algo irônico no machismo é que ele é transmitido de geração em geração através das mulheres. Isso porque na nossa sociedade patriarcal, cabe exclusivamente à mulher os cuidados com as crianças, e portanto é ela quem tem acesso ao ser-humano na sua forma mais bruta e pura, e lapida sua mente da maneira que considera mais apropriada. No dia que as mulheres perceberem quão poderoso é seu papel na sociedade, o patriarcado terá seus dias contados.
Eu, por minha vez, já tenho noção e luto contra o machismo dentro de casa. Seria utópico afirmar que nossa casa é 100% blindada contra o machismo, mas tentamos (tanto eu quanto meu marido) verdadeiramente quebrar os padrões sexistas, e ambos nos empenhamos em cuidar da manutenção da casa, das finanças e da educação de nosso filho de maneira igualitária, como uma equipe, sem separação de "serviços de homem e serviços de mulher". Além disso, tento evitar ao máximo, desde sempre, piadinhas ou comentários machistas perto do Nícolas. Acredito que muitos preconceitos são perpetuados em forma de "brincadeirinhas inocentes".
No mais, vou sempre me empenhar para ensinar ao meu filho que ele, enquanto menino, não é melhor nem pior que nenhuma menina. Cada pessoa é única, com suas qualidades e fraquezas inatas, que em nada tem a ver com seu sexo biológico. Que não é vergonha, de forma alguma, perder, e que eventualmente ele encontrará meninas que serão melhores que ele em certas coisas, e que isso é normal. E que eventualmente ele também será melhor que algumas meninas em outras coisas, e que isso também é normal. Que a força física nunca deve ser empregada como forma de vencer uma discussão, e que usar da força bruta contra uma pessoa mais fraca não é sinal de coragem, e sim de covardia. Que todos merecemos respeito igualmente, enquanto seres-humanos, e também devemos respeito uns aos outros. E que esse respeito inclui também saber ouvir, aceitar e respeitar um "não". Que brincar com os sentimentos alheios é uma das piores coisas que alguém pode fazer.
Também vou ensinar que ele, enquanto menino, tem sentimentos, e que falar sobre eles é algo positivo. Que ele também pode sentir medo, e isso não é sinal de fraqueza. Que demonstrar afeto é algo lindo. Que ele é responsável por manter a limpeza e arrumação de seus objetos e do local onde vive. Que ele deve procurar a profissão em que se sentir mais realizado, sem ligar para rótulos sexistas. Que ele pode, sim, sonhar em constituir uma família, se esse for o seu desejo, e que se um dia isso acontecer, seus filhos serão também sua responsabilidade, e que caberá a ele os cuidados com a higiene, alimentação e educação de suas crianças.
Cabe a nós, mães de hoje, ensinarmos novos valores aos homens e mulheres de amanhã. Cabe a nós educarmos homens que tratem as mulheres como elas merecem, e mulheres que não aceitem ser tratadas de forma diferente à que elas merecem. O caminho mais seguro para uma sociedade diferente é educarmos as crianças para fazerem a diferença.
Ps.: 8 de março não é dia de festa. É dia de luta e conscientização.
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